Joalheria entrega nota fiscal de Cabral no valor de R$ 600 mil
PF suspeita que Cabral usava jóias para lavar dinheiro
O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) gastou 1,372 milhão de reais em quatro anéis e um colar da H. Stern, entre 2013 e 2015, segundo notas fiscais entregues pela joalheria à Polícia Federal, na Operação Calicute. Foram comprados um colar de ouro nobre 18k com diamante, avaliado em 81 mil reais, um anel de ouro nobre 18k com diamante de 30 mil reais, um anel de ouro amarelo 18k com rubi, 600 mil reais, um anel de ouro branco 18k com Brilhante Solitário, 319 mil reais, e um anel de ouro branco 18k com esmeralda, no valor de 342 mil reais.
A joalheria H.Stern encaminhou à Operação Calicute, “notas fiscais e certificados” de compras de Sérgio Cabral, de sua mulher a advogada Adriana Ancelmo e de outros investigados na Calicute. Juntos, Sérgio e Adriana Cabral gastaram ao menos 1.931.828,00 reais em joias, segundo as notas fiscais entregues pela H.Stern.
O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio havia ordenado a entrega da documentação emitida ao peemedebista, outros onze investigados e 43 empresas estão na mira da investigação que prendeu o ex-governador do Rio em 17 de novembro.
Naquele mesmo dia, em depoimento à Polícia Federal, a diretora-comercial da H.Stern, Maria Luiza Trotta, afirmou que levava joias, anéis de brilhante e pedras preciosas, na residência de Sérgio Cabral, para que o ex-governador e sua mulher fizessem uma “seleção” da peça a ser escolhida. Segundo Maria, os pagamentos era feitos em dinheiro vivo.
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As notas fiscais e certificados encaminhados à PF pela joalheria são referentes ao casal Cabral, aos supostos operadores do ex-governador e as respectivas mulheres. Uma das notas, em nome do “consumidor” Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho aponta 111 mil reais e forma de pagamento “dinheiro”. O valor foi desembolsado por um colar de ouro nobre 18k com diamante, de 81 mil reais, e um anel de ouro nobre 18k com diamante, 30 mil reais .
Em agosto de 2012, uma nota fiscal aponta que Adriana Ancelmo comprou um brinco de ouro branco 18k com turmalina por 305 mil reais. Certificados emitidos pela joalheria indicam ainda um brinco de ouro nobre 18k com esmeralda, por 50 mil de reais, e um colar de ouro nobre 18k com esmeralda, por 165 mil reais.
Planilha da joalheria aponta ainda uma compra de taça de cristal para água por 2.770,00 reais e um vaso em cristal Baccarat, por 16,5 mil reais, por Adriana Ancelmo.
No ofício enviado à PF, a H.Stern informou que “nesse primeiro levantamento foram encontrados alguns certificados de produtos desacompanhados da respectiva nota fiscal, motivo pelo qual se procedeu a (re)emissão do título fiscal para não haver dúvidas sobre o recolhimento do imposto”.
“Informamos que com o objetivo de prestar nossa cabal colaboração com as investigações em curso, foram incluídos em nossas buscas alguns nomes de pessoas possivelmente ligadas aos investigadores, tendo logrado êxito em encontrar notas fiscais em nome das Sras Adriana de Lourdes Ancelmo Cabral, Maria Angélica Santos Miranda e Claudia de Moura Soares Bezerra, esposas, respectivamente, dos Srs. Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho, Carlos Emanuel de Carvalho Miranda e Luiz Carlos Bezerra”, relatou a joalheria.
Durante as buscas da Calicute na casa de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, a PF apreendeu estojos de com cerca de 300 anéis, braceletes, colares de pérola e pedras preciosas. As joias estão sendo analisadas por peritos. A PF suspeita que o ex-governador usava a compra de joias para lavar dinheiro.
Sérgio Cabral é suspeito de comandar um esquema que girou 224 milhões de reais em corrupção e propinas. Os valores teriam saído de contratos de obras entre gigantes da construção civil e o Estado do Rio, durante seus dois mandatos, entre 2007 e 2014.
(Com Estadão Conteúdo)