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Interventor do Sindicato dos Comerciários do Rio dá cargo a ‘camaradas’ do PCdoB

Após Ministério Público afastar a família Mata Roma por nepotismo, o advogado José Carlos Nunes nomeia militantes comunistas, amigos e parentes

Por Hugo Pernet
Atualizado em 10 dez 2018, 09h46 - Publicado em 13 Maio 2015, 15h55

(Artigo atualizado às 22h45 de 14 de maio)

Durante três décadas o Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro, com 2 500 associados, foi um feudo particular, de onde integrantes de uma família – os Mata Roma – tiraram sustento, prestígio e influência sem sequer serem comerciários. Isso mesmo: desde 1998 atuam no ramo da aviação, sendo atualmente proprietários de duas empresas de táxi aéreo. Alvo de investigações de superfaturamento e nepotismo, entre outros delitos, em outubro do ano passado o Ministério Público colocou o sindicato sob intervenção e afastou o então presidente Otton Mata Roma (da terceira geração, com salário mensal de 52 000 reais), junto com nove parentes. Tudo resolvido? Nem perto disso. Quando ainda tomava pé da situação o primeiro interventor nomeado, Aloysio Santos, foi transferido para outra função e substituído por seu auxiliar direto, o advogado José Carlos Nunes. Segundo relatos de funcionários a VEJA, uma vez no cargo Nunes pôs-se imediatamente a reeditar práticas dos Mata Roma, com uma diferença: além de privilegiar família e amigos, deu emprego a integrantes do PC do B, partido do qual seria no mínimo simpatizante.

Desde que assumiu, em janeiro, dezenas de funcionários foram demitidos e mesmo assim o total pulou de 300 para 404. “Todas as irregularidades da antiga presidência estão se repetindo. A única coisa que mudou é que a corrupção dos Mata Roma era familiar e a de agora também é partidária”, resume um funcionário afastado. Os quatro escritórios de advocacia que prestavam serviços ao sindicato foram dispensados. O Santa Cruz Scaletsky Advogados, contratado por “valor vultoso”, segundo denúncia entregue ao Ministério Público, tem entre seus sócios Henrique de Carvalho, o Kique, uma espécie de braço direito informal de Nunes. O escritório nega irregularidades e afirma que o custo de seus serviços, de 235 000 reais, se justifica pelo volume e pela qualidade. “Destacamos para o cliente uma equipe de excelência com mais de uma dezena de profissionais de ponta, entre eles alguns dos mais renomados profissionais do direito”, informou em nota. No campo das contratações de pessoal, Nunes, bem entrosado no mundo jurídico, providenciou emprego para a mulher de um juiz e a enteada de outro.

Os supostos desmandos foram denunciados ao MP em fevereiro por Alex Rios Gama, dono de uma loja em um shopping center da Zona Norte. No mesmo dia da denúncia, Gama recebeu a visita de Nunes, acompanhado do amigo Kique. A cena foi filmada no celular de um amigo do comerciante e o interventor acabou indo embora rapidamente, mas a pressão surtiu algum efeito: Gama não dá entrevistas e tentou até retirar a denúncia. Diante da possibilidade de vir a ser ele mesmo investigado, Nunes tratou de marcar a eleição da nova diretoria para o dia 15 de junho e agora se esforça para emplacar aliados, argumento inclusive da campanha eleitoral que já pôs na rua (escute a gravação abaixo). Como o tempo é curto para organizar uma chapa dentro das regras vigentes, uma “comissão de regramento” reduziu de 32 para 24 o número mínimo de integrantes e de três anos para seis meses o tempo de atividade dos candidatos no comércio. Um dos dois membros da comissão é Marcos Antonio Ribeiro da Costa, ex-tesoureiro do PC do B, onde também milita o advogado Kique, candidato derrotado a deputado federal em 2010. Segundo a denúncia protocolada no MP, pelo menos dez militantes do partido atuam na gestão de Nunes, que, no entanto, nega ser filiado. A explicação oficial para uma foto em que aparece sorridente, com crachá partidário e segurando uma ficha de filiação, é de ser aquela “uma homenagem prestada pelo PC do B pelo fato de Nunes ter sido presidente da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas em 1991”.

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