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Integrantes do governo Bolsonaro discutem plano de aproximação de Biden

O chanceler Ernesto Araújo, apoiador de Trump, já negociou com o democrata durante a gestão Obama; diplomacia entre os países seguirá de forma pragmática

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 nov 2020, 16h16 - Publicado em 14 nov 2020, 16h16
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  • Poucos dias depois da vitória projetada do democrata Joe Biden na disputa pela presidência dos Estados Unidos, os ministros Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e Ricardo Salles, do Meio Ambiente, se reuniram com Keith Krach, subsecretário de Estado para crescimento econômico, energia e meio ambiente, e com o embaixador americano em Brasília, Todd Chapman. Nesse encontro, foi sinalizado para os representantes do governo Bolsonaro que, se Biden de fato assumir a Casa Branca, a diplomacia entre os dois países seguirá de forma pragmática, porque há assuntos de interesses em comum que não podem ser ignorados.

    Apesar de não terem desistido do apoio a Trump, integrantes do governo Bolsonaro já começaram a esboçar um plano B para se aproximar de Biden. A estratégia contaria com a ajuda do chanceler Ernesto Araújo. Em 2013, o então diplomata recebeu a missão de despachar nos Estados Unidos com o então vice-presidente americano Joe Biden. Naquela época, a relação dos governos americano e brasileiro ficou abalada após o vazamento de documentos secretos da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) apontarem que a então presidente Dilma Rousseff havia sido espionada pelo governo americano. Ernesto Araújo, que trabalhava na embaixada brasileira nos EUA, ficou encarregado de reatar os laços – e negociar diretamente com Biden e outros democratas.

    A ideia do Planalto é escalar o seu chanceler para retomar esses contatos. Além disso, o ministro do Meio Ambiente sugeriu a Bolsonaro enviá-lo para falar com a vice-presidente americana eleita Kamala Harris sobre o desmatamento da Amazônia. A ideia de Salles é apresentar um plano de preservação da região e pedir apoio financeiro, uma promessa da campanha de Biden. “Temos que inverter o lado da pressão. Ao invés de deixar os Estados Unidos pressionarem o Brasil, nós é que temos que pressioná-los, jogando a responsabilidade no colo do Biden”, disse um assessor palaciano para o presidente.

    Na avaliação de integrantes do governo brasileiro, caso Biden assuma de fato a presidência dos Estados Unidos, o Brasil não ficará isolado na política externa. Há ao menos três razões para acreditar nisso. Primeiro, há um grande volume de investimentos americanos aqui. Segundo, o nosso principal parceiro econômico é a China, uma situação que Washington gostaria de reverter, sobretudo quando se aproxima a disputa, no ano que vem, pelo leilão da frequência 5G no país. Por fim, há uma convergência em relação ao acordo de Paris, tratado criado para reduzir o aquecimento global. O democrata disse que pretende voltar ao acordo, desdenhado por Trump, enquanto Bolsonaro sinalizou que pretende continuar signatário do tratado. “Nesse sentido, do meio ambiente, Biden será melhor que Trump”, avalia um ministro do governo. Ao que tudo indica, não precisará de pólvora, mas sim de muita saliva.

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