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Inseguro, homem operava Tour Eiffel havia 20 dias

Operador disse à polícia desconhecer existência de trava hidráulica atrás de cadeira de onde caiu adolescente de 14 anos que morreu no Hopi Hari

Por Renato Jakitas, de Vinhedo (SP)
6 mar 2012, 15h17

Um funcionário inseguro, com pouco treinamento e há apenas vinte dias recrutado para operar um dos brinquedos mais complexos do parque de diversões Hopi Hari. Assim disse se sentir Marcos Antônio Tomás Leal, um dos operadores da atração La Tour Eiffel, de onde caiu a adolescente Gabriella Yukari Nichimura, de 14 anos, no dia 24 de fevereiro. Leal foi ouvido pela polícia nesta terça-feira por quase duas horas na delegacia de Vinhedo, interior de São Paulo. Leal disse não ser o responsável pela inspeção de segurança no setor onde aconteceu o acidente. Ele respondia pelos conjuntos 2 e 4 do brinquedo, enquanto outro colega, o operador Edson da Silva, fiscalizava o lado em que a menina estava sentada com a família. Silva será ouvido pela polícia na quarta-feira às 9h30. “Ele disse que se sentia inseguro, que apenas leu um manual e entende que não era um treinamento satisfatório. Ele se sentia preocupado com essa situação”, disse Álvaro Santucci Noventa Júnior, delegado responsável pela apuração do caso. Bichie Ale Bichir Júnior, advogado de Leal, afirmou que o operador estava há apenas vinte dias trabalhando no equipamento. Antes disso, ele passou por outras atrações do parque e atuou como substituto quando os operadores titulares da torre faltaram. O funcionário confirmou que a leitura do manual protocolado por seu advogado na delegacia nesta segunda-feira foi o único treinamento a que teve acesso antes de começar a trabalhar no Hopi Hari. Uma falha grave de segurança, na opinião do delegado. “Se o que ele disse for verdade, que o manual é o único treinamento, é insuficiente”, disse Álvaro Santucci. “Daqui para frente nós começaremos a ouvir a hierarquia do parque, saber quem são os responsáveis acima dos operadores.” Trava – Leal disse em depoimento desconhecer a existência de uma trava hidráulica na parte de trás da cadeira do brinquedo, que permitia baixar e levantar o colete de proteção de cada assento. A cadeira onde Gabriella sentou estava desativada há anos e permaneceu todo esse tempo com a proteção travada, para que ninguém sentasse ali, mas naquele dia, o colete estava destravado. “Ele disse que não sabia dessa trava. É uma amostra de que ele não estava apto a operar o brinquedo. É uma falha muito relevante”, afirmou o delegado. Sobre uma foto em que Leal aparece em primeiro plano e o colega Edson Silva, em segundo, próximo à vítima minutos antes do acidente, o operador disse que estava apenas passando em frente ao local, mas focado nos bancos sob sua responsabilidade, do outro lado da torre. Ao delegado, o funcionário negou ter conversado com Silmara Nichimura, a mãe de menina morta, antes de o brinquedo começar a funcionar. Ela relatou à polícia que procurou um operador do brinquedo e o questionou a respeito de um cinto de segurança do equipamento, obtendo a resposta tranquilizadora de que era “seguro”. Treinamento – O Hopi Hari informou, em nota divulgada no início da noite, que o funcionário operava o brinquedo desde 25 de janeiro – o que dá um mês até a data do acidente, em 24 de fevereiro. “Desde sua admissão, em 10 de agosto de 2011, Marcos realizou 40 horas de treinamentos corporativos.” De acordo com a nota, a trava atrás da cadeira era um dispositivo de trabalho exclusivo da área técnica de manutenção, portanto, a equipe de operação não é treinada para mexer na peça. “O manuseio desta válvula não faz parte do procedimento operacional”, informou o parque.

Gabriella Yukari Nichimura, pouco antes de cair do brinquedo La Tour Eiffel no parque Hopi Hari, em Vinhedo
Gabriella Yukari Nichimura, pouco antes de cair do brinquedo La Tour Eiffel no parque Hopi Hari, em Vinhedo (VEJA)

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