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Gabriel Graça Oliveira, 51, psiquiatra: aos 48 anos, ‘eu mesmo’

Médico e professor da UnB espera 20 anos para viver sua verdadeira identidade, disse que arriscou a carreira, mas afirma que a experiência foi ‘libertadora’

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 29 jan 2021, 10h54 - Publicado em 13 out 2017, 09h00

Foi durante uma aula sobre disforia de gênero, ministrada durante a residência médica, que o psiquiatra Gabriel Graça de Oliveira, de 51 anos, descobriu que era um homem transexual e que sua insatisfação com o corpo e o sexo biológico tinha tratamento. Na época, o jovem médico tentou se encorajar a “sair do armário” para viver a sua verdadeira identidade, mas não conseguiu.

Sem coragem para fazer o tratamento, por medo do preconceito que enfrentaria e de magoar seus pais, Gabriel esperou passar quase vinte anos até decidir iniciar a sua transição de gênero, aos 48 anos.  “Na melhor das hipóteses eu já tinha vivido metade da minha vida. Não queria viver o resto do tempo infeliz. Eu queria ser eu mesmo, viver a vida de forma plena.”

Tímido, Gabriel diz que desde muito pequeno se sentia do sexo masculino, gostava de imitar os gestos do pai e usar as roupas dele. Apesar disso, reprimia seus sentimentos e tentava ser delicado como a mãe para evitar bullying na escola. “Eu não sabia o que acontecia comigo. A sociedade me via como menina, na minha cabeça eu tinha que me conformar”, lembra.

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Gabriel tinha 20 anos quando decidiu procurar um padre para conversar a respeito do assunto. Católico praticante, o jovem se sentiu acolhido pela Igreja, mas ainda não havia encontrado a resposta sobre quem era de verdade. Na época, chegou a se relacionar com homens para tentar se encontrar como mulher, mas não conseguia, nenhum relacionamento avançava.

Na melhor das hipóteses eu já tinha vivido metade da minha vida. Não queria viver o resto do tempo infeliz. Eu queria ser eu mesmo, viver a vida de forma plena

Infeliz com seu corpo e gênero, Gabriel decidiu focar nos estudos e na espiritualidade. Fprmou-se médico psiquiatra, virou professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) e por treze anos viveu um relacionamento homossexual. “Havia muito afeto, companhia, carinho. Mas era uma relação homossexual e eu me sentia desconfortável”, lembra.

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Depois de assistir a uma outra palestra sobre disforia de gênero, Gabriel achou que era hora de se assumir e contar para sua mãe, irmãos, amigos e pacientes que ele era um homem e daria início ao processo de transição.

“Eu arrisquei minha carreira quando decidir ser quem eu era. Foi uma experiência maravilhosa e libertadora. A espiritualidade me ajudou muito e me ensinou que eu não podia viver refém do medo. Minha família me acolheu de braços abertos. Falei pessoalmente com um por um dos meus pacientes e fui muito bem aceito pelos meus alunos”, afirma.

Gabriel iniciou a terapia hormonal no começo de 2014, fez a mastectomia no fim do mesmo ano. Em 2016, retirou útero, ovários e trompas. Hoje, está casado com uma médica psiquiatra. “Sou completamente feliz. E meu maior sonho hoje é ser pai.”

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Conheça a história de dez transexuais


Ariadne Ribeiro
36 anos, pedagoga


Bruna Coutinho da Silva
52 anos, professora

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Erick Barbi
38 anos, músico, empresário e publicitário


Gabriel Graça de Oliveira
51 anos, psiquiatra e professor


Jordhan Lessa
50 anos, guarda civil

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Laura de Castro Teixeira
36 anos, delegada


Leona Jhovs
30 anos, atriz, produtora e apresentadora


Luca Scarpelli
27 anos, publicitário


Luiza Coppieters
38 anos, professora


Matthew Miranda Gondin
25 anos, auxiliar de escritório e empresário

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