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Fotógrafa paulistana dá voz a mulheres vítimas de violência

Clicando bebês de mães sem recursos, Luana Taina incentiva a autoestima na periferia

Por Giovanna Romano Atualizado em 3 jan 2020, 07h00 - Publicado em 3 jan 2020, 06h00
LENTE - A fotógrafa: movimento com orientação psicológica e consultoria jurídica
LENTE - A fotógrafa: movimento com orientação psicológica e consultoria jurídica (./.)

Autoestima, definem os dicionários, é a “qualidade de quem se valoriza”. Muitas vezes, entretanto, a satisfação consigo mesmo não resulta apenas de uma vontade interior; é preciso que o impulso venha de fora, do outro. A fotógrafa paulistana Luana Taina descobriu isso de modo nada ameno — ao se solidarizar com a situação das mulheres da região onde mora, o distrito de Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, que ostenta o maior índice de violência doméstica no município (6% dos casos de toda a cidade, no período de janeiro a julho, segundo a Polícia Militar). Exatamente por esse motivo ela decidiu atuar para ser aquele tal impulso: lançou-se, em 2019, a um trabalho de dar voz às vítimas, que, dessa maneira, se sentem valorizadas. E se valorizam.

A ideia foi ganhando força a partir de conversas informais que Luana organizou na Igreja Batista do bairro de Valo Velho. Nelas, ouvia relatos como o da líder de um grupo de mulheres evangélicas que se reúne no templo. Seu drama envolvia agressões constantes do namorado — e era difícil de ser narrado pela vítima mesmo naquele espaço exclusivamente feminino. Em outro depoimento, Luana deparou com a história de uma fiel que contou ter sido violentada durante oito anos pelo padrasto, também evangélico. Impressionada, a fotógrafa passou a incentivar outras mulheres a se apresentar naquelas reuniões. Da teia de infortúnios lhe saltou um cenário cruel: vítimas de todo tipo de abuso receosas de expor suas tristes experiências por considerarem o ambiente religioso demasiado machista. O perverso resultado disso é que elas acabavam se sentindo culpadas — pela exposição das afrontas ou, pior ainda, pelo que as havia motivado.

Filha de um umbandista e de uma evangélica, Luana — que segue a religião da mãe — levou o problema ao pastor Luiz Júnior. Obteve dele o apoio para inaugurar, no âmbito da igreja, um movimento em favor das mulheres da comunidade — não só vítimas — com o objetivo de conscientizá-las de relações abusivas, por meio de palestras com especialistas e oferta gratuita de orientação psicológica e jurídica.

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Essa foi a segunda ação de Luana voltada para as mulheres do lugar onde vive. Depois de aprender fotografia em um projeto do governo, em 2015, ela se especializou em clicar recém-nascidos. Quando conseguiu emprego em um estúdio que atende celebridades, em 2018, a jovem — que pretende cursar belas-­artes — resolveu fotografar de graça os bebês de mulheres que não tinham como pagar pelo ensaio. A autoestima das mães vai às nuvens quando olham os retratos de seus rebentos.

Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668

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