Embora admita a falta de alvará do dormitório onde os atletas mirins dormiam, o time do Flamengo tem uma saída para responsabilizar a tragédia que vitimou dez garotos e deixou todo um país de luto. Reinaldo Belotii, CEO do clube e coordenador do gabinete de crise, reforçou a ideia de que problemas no fornecimento de energia elétrica, causados pelas chuvas fortes que acometeram o Rio de Janeiro ao longo da semana passada, teriam sido a provável razão para desencadear o incêndio no contêiner. “A perícia dos bombeiros nos disse que o problema começou no ar-condicionado. Uma chuva como aquelas, com ventos de mais de 100 km/h, foi quase um furacão”, disse Belotti em coletiva.
O problema, no entanto, não ocorreu apenas na hora em que o fogo começou. Em depoimentos prestados à polícia, garotos sobreviventes relataram sobre a oscilação de energia em algumas ocasiões ao longo da semana. Na noite de terça (5), o gerador ficou ligado durante toda a noite devido ao apagão de luz. Houve falta de energia elétrica também na quarta (6), o que fez pelo menos um atleta trocar de quarto.
Jogadores da base do Flamengo que sobreviveram relataram que, minutos antes de o fogo começar, houve uma explosão em um aparelho de ar-condicionado. Também segundo esses relatos, o fogo se alastrou muito rapidamente. “O ar-condicionado pegou fogo, daí foi gerando um curto-circuito em todos os ar-condicionados, pegando tudo. Foi muito rápido, muito rápido. Não deu para conseguir chamar quase ninguém”, relatou Samuel Barbosa, piauiense de 16 anos que joga como zagueiro. Ele gravou um vídeo para tranquilizar os familiares.
A Polícia Civil ainda não informou oficialmente a causa do incêndio, e o Corpo de Bombeiros disse que aguardará a perícia para se pronunciar. Os Bombeiros foram chamados às 5h17, e no início da manhã o fogo já estava controlado.