O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse que, com as redes sociais, existe uma “fofocagem permanente” e negou que esteja articulando com o presidente Michel Temer (PMDB) e outro ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para neutralizar a Operação Lava Jato e salvar a classe política.
“Antigamente, a gente não tinha que se preocupar com rede social. Não havia, com o perdão da expressão, a ‘fofocagem permanente’“, afirmou durante palestra no Seminário Luso-Brasileiro de Direito, em Lisboa (Portugal). Ele comparou o fato de ser apontado como um dos articuladores para evitar os progressos da investigação com a informação de que os russos interferiram na eleição de Donald Trump para presidente nos EUA. “Será verdade? Sei lá se é, mas é um fato. Verdade ou não, as pessoas vão ter que interagir com isso que está circulando”, disse.
Ele não usou o termo exatamente, mas referiu-se à expressão “pós-verdade”, neologismo que descreve a situação em que o fato tem menos influência do que apelos a emoções e crenças pessoais. “Agora mesmo fui entrevistado aqui sobre o tema [conspiração contra a Lava Jato]. Aqui, neste instante”, afirmou.
Durante a palestra, FHC questionou qual seria o fato e respondeu que não havia, já que não tinha estado com Lula ou Temer nos últimos meses, a não ser em eventos sociais. “Mas alguém disse, e circulou. E eu tenho de responder ao que está circulando, não adianta eu saber que não é verdade. E eu falo, e eu respondo”, argumentou, tirando risos e aplausos da plateia.
Temer
Na segunda-feira, Temer também havia negado que tenha se reunido com FHC e Lula para negociar um “acordão” com o objetivo de estancar a Lava Jato.
“Eu encontro com frequência o presidente Fernando Henrique. Encontrei o presidente Lula algumas vezes, uma até num momento pesaroso para a vida dele. E encontrarei quantas vezes forem necessárias. Agora, não vou me encontrar para encerrar a Lava Jato”, afirmou ao SBT Brasil. “Isso, data vênia, me perdoe a expressão, é ignorar nosso sistema institucional. Como alguém vai montar um esquema para acabar com aquilo que está sendo processado no Judiciário? Não existe isso.”
(Com Estadão Conteúdo)