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Febre de consumo deixa a Argentina sem dinheiro

Escassez de notas atinge as grandes cidades e causa protestos em Buenos Aires

Por La Vanguardia
11 jan 2011, 16h29

Em 2010, o PIB do país cresceu cerca de 9%. Há uma autêntica febre de consumo, ainda que o custo de vida tenha subido 30%

Não há notas. A Argentina volta a sofrer um “corralito” bancário, mas os motivos são radicalmente opostos aos da crise de 2001. O país ficou materialmente sem dinheiro, ao ponto de o Banco Central argentino pedir ajuda à Casa da Moeda do Brasil, pois a fábrica local não dá conta do recado.

Os problemas começaram a ser detectados há mais de um mês, mas com a chegada de janeiro, quando a maioria dos argentinos está de férias, a falta de dinheiro se tornou maior e evidenciou a falta de planejamento das autoridades. No fim de semana passado, os caixas automáticos dos municípios turísticos da costa atlântica apresentavam longas filas para obter dinheiro em espécie. Na cidade de Mar del Plata, os visitantes peregrinavam a localidades vizinhas em busca de notas, com pouco sucesso.

Fontes do Banco Central alegam que se trata de “problemas pontuais e transitórios” e que “de nenhuma forma há uma situação de escassez generalizada de notas”. No entanto, um passeio por vários bancos em Buenos Aires mostra muitos caixas fora de serviço. A situação se repete nas grandes cidades, como Rosário ou Córdoba.

Em uma decisão inédita, o banco emissor encomendou no ano passado à Casa da Moeda brasileira a fabricação de 10 bilhões de pesos em notas de 100. A metade do pedido já chegou. Está previsto para esta semana a distribuição dos 5 bilhões restantes. Um bilhete de 100 pesos – o mais valioso do sistema monetário – equivalia ontem a 19,3 euros, um valor que ficou pequeno para o grande crescimento econômico que a Argentina experimenta, e já se reclama a emissão de uma nova nota de 200 pesos.

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Em 2010, o PIB do país cresceu cerca de 9%. Há uma autêntica febre de consumo, ainda que o custo de vida tenha subido 30%. O alto grau da economia informal e a desconfiança dos argentinos no sistema bancário fazem com que grande parte das compras seja em efetivo. É costumeiro que os comerciantes não aceitem pagamento com cartões de crédito.

Um partido da oposição convocou ontem um protesto na frente da sede do Banco Central para denunciar o “billetazo”. Durante os últimos dias aconteceram incidentes com cidadãos enraivecidos. O de maior repercussão ocorreu no fim de dezembro, quando muitos aposentados descobriram que um banco estatal não tinha dinheiro para pagar as pensões.

O “corralito” de 2001 foi motivado pela moratória. Dez anos depois, falta dinheiro pelo excesso de consumo, o que é exibido pelo governo como prova de solidez. No entanto, o deputado conservador Francisco de Narváez, um dos principais opositores da presidente Cristina Kirchner, insinuou ontem que a ausência de dinheiro se deve à intenção do governo de controlar a inflação. “É o ‘corralito’ de Cristina”, disse. “O governo, ao não repor as notas, quer que se consuma menos, que as pessoas gastem menos”, completou. “As pessoas têm a mesma sensação de 2001: que o que lhes pertence, seu dinheiro, não pode ser tirado delas.”

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