Membros do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) de São Paulo fizeram nesta segunda-feira uma vistoria no canteiro das obras do trecho sul do Rodoanel e constataram que a provável causa do acidente da última sexta é a instalação de apenas quatro vigas, ao invés das cinco previstas no projeto.
Por volta das 21h de sexta-feira, três vigas de sustentação da obra caíram sobre a rodovia Régis Bittencourt, no sentido São Paulo, na altura da cidade de Embu. O trecho ficou interditado por 12 horas. O acidente deixou três pessoas feridas.
Os engenheiros do Crea afirmam que há uma “possibilidade enorme” de o desabamento do viaduto ter sido causado por uma decisão equivocada da empreiteira no momento de instalação das vigas. Segundo o conselho, a instalação de uma viga a menos é um procedimento incorreto e inadequado.
A quinta viga teria se quebrado antes mesmo de ser instalada, ainda durante o trajeto até a obra. Ainda assim, os engenheiros do Crea afirmam que, já que uma das vigas estava faltando, nenhuma delas deveria ter sido instalada.
“O certo seria esperar e, no dia seguinte ou quando chegasse a peça, fazer tudo de uma vez só. Mesmo com uma boa amarração, a ausência da quinta viga prejudica a sustentação. Quando você não coloca todas juntas, cria a possibilidade do peso da própria viga (80 toneladas), aliado à trepidação dos caminhões que passam em baixo do viaduto, resultarem num deslocamento”, explicou o engenheiro civil José Tadeu da Silva, presidente do Crea.
O Crea-SP ainda disse que uma comissão de cinco engenheiros da entidade está reunindo todas as informações sobre o acidente e fará testes e cálculos para avaliar a pertinência dos materiais usados na estrutura. Tadeu Silva afirma que os engenheiros responsáveis pelo trecho também serão ouvidos. “Nossa função é fazer a apuração administrativa, que depois pode ser enviada para os órgãos que vão fazer as investigações penais e criminais”, explicou.
As causas do incidente já estão sendo investigadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Um laudo deverá ser elaborado pelo Instituto de Criminalística (IC). Além destes órgãos e do Crea, o Ministério Público também vai investigar o acidente.