A Secretaria Estadual de Segurança Pública promete investigar e punir excessos de policiais durante operação na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, na terça-feira. O titular da pasta, José Mariano Beltrame, afirmou nesta quarta que se as reclamações de moradores forem confirmadas, os envolvidos podem até ser expulsos da corporação. O confronto, que começou com um tiroteio na noite de segunda, deixou nove mortos – três deles trabalhadores sem qualquer envolvimento com criminosos.
“Essas coisas têm de ser apuradas. Especulação não faz bem a ninguém. Temos aqui mais de 1.500 policiais expulsos. Isso não é problema, e se tiver que expulsar mais, vamos expulsar”, declarou Beltrame, em entrevista à rádio CBN, lembrando, porém, que a morte do sargento do Bope que teria desencadeado a ação policial também precisa ser investigada. “Infelizmente, o Rio vivia em alguns lugares a lógica da guerra, que não é mais a lógica da polícia. Quando o estado é atacado, nós vamos optar por agir, não vamos optar por nos omitir.”
O conflito começou ainda na noite de segunda-feira, depois que um grupo de viciados em crack, aproveitando-se de uma manifestação que congestionou o trânsito em Bonsucesso, promoveu um arrastão na região, fechando pistas e assaltando motoristas e pedestres. O grupo fugiu em direção à favela Nova Holanda e foi perseguido por policiais do Bope. O sargento Ednelson Jeronimo dos Santos Silva, de 42 anos, foi morto na troca de tiros. Mas moradores e representantes de organizações não-governamentais afirmam que a tropa agiu de forma truculenta sem distinguir moradores e bandidos.
A Polícia Militar limitou-se a dizer que entre os mortos há cinco criminosos, além do policial, e não confirma oficialmente que os demais são moradores inocentes. Em nota, a Polícia Civil informou que a investiga “as circunstâncias das mortes e os participantes do confronto”. Segundo o secretário, a apuração das mortes está a cargo da Delegacia de Homicídios. Beltrame afirmou ainda que a Secretaria de Segurança concluiu o planejamento para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo da Maré, mas não informou quando ela será instalada.
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