Um estudo feito pela mineradora Samarco a pedido da Justiça considera a possibilidade de rompimento das barragens de Santarém e Germano, as únicas que ficaram de pé em Mariana (MG), após a tragédia em 5 de novembro que aniquilou o distrito de Bento Rodrigues. Segundo o jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira, o levantamento estima que seriam liberados 105 bilhões de litros de rejeitos em caso de novos rompimentos.
Quando a barragem de Fundão se rompeu, avalia-se que 40 bilhões de litros de rejeitos de minério foram despejados da estrutura. O volume foi suficiente para riscar do mapa Bento Rodrigues e devastar a fauna e a flora da Bacia do Rio Doce – a quinta maior bacia hidrográfica brasileira. O “mar de lama” chegou ao Oceano Atlântico, ameaçando ainda o recife de corais de Abrolhos, que possui a maior biodiversidade do Brasil.
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As estruturas de Germano e Santarém foram danificadas após o rompimento da barragem de Fundão, mas a mineradora afirma que os reservatórios remanescentes estão “estáveis”. A empresa diz ainda que trabalha para reforçá-los até o fim de fevereiro.
No documento obtido pela Folha, cinco possibilidades foram avaliadas, mas todas levam em conta que a barragem de Santarém, que armazena água para a produção mineral e fica mais próxima de Bento Rodrigues, transborde ou se rompa. O pior cenário supõe que isso aconteceria após a ruptura da barragem de Germano, que fica atrás de Santarém.
Também são exibidos cenários que chagariam, ao menos, até a hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), a 109 quilômetros das barragens. Além do assoreamento e da mudança do curso de rios, foram levados em consideração também a destruição de áreas de preservação ambiental, o que acabaria com a vida animal, interromperia os fornecimentos de água e luz e inundaria propriedades urbanas e rurais.
As previsões indicam que a lama chegaria em dez minutos ao local onde antes morava o povoado de Bento Rodrigues, que hoje está completamente submerso pela lama de Fundão. O município de Barra Longa, a 77 quilômetros de distância, seria atingido após 11 horas, intervalo próximo ao do dia da tragédia.
A consultoria Pimenta de Ávila, que fez o estudo, pede que a Samarco cadastre as habitações que podem ser atingidas, a fim de facilitar a evacuação. Ela pede também que a mineradora elabore um novo plano de emergência para as barragens. O Ministério Público de Minas Gerais vai solicitar que a Justiça determine as medidas. Conforme a mineradora informou ao jornal, o plano já está em “fase de elaboração de escopo para a contratação de empresa especializada”.
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(Da redação)