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‘Esse guri deve ficar na minha casa’, disse pai de Bernardo a juiz

Gravação revela conversa entre Leandro Boldrini e o juiz da Vara da Infância dois meses antes de o menino ser assassinado

Por Da Redação
9 set 2014, 19h46
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  • Uma gravação obtida pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul revela que Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, assassinado em abril deste ano, insistiu com a Justiça para ficar com a guarda do menino dois meses antes do crime. No dia 11 de fevereiro de 2014, o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Três Passos (RS), Fernando Vieira dos Santos, e a promotora Dinamárcia Maciel, convocaram Leandro para falar sobre as denúncias de maus tratos e abandono do filho. Duas semanas antes, o garoto, de 11 anos, havia ido sozinho ao fórum da cidade para dizer ao juiz que não queria mais morar com o pai. A audiência foi gravada por Leandro em seu aparelho celular, apreendido pelos investigadores. O áudio foi divulgado nesta terça-feira pelo jornal Zero Hora.

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    Questionado sobre a possibilidade de entregar a guarda do menino ao casal de vizinhos Carlos e Juçara Petry ou à avó materna, Jussara Uglione, Leandro responde ao juiz que ele deveria ficar com o filho por ser uma “coisa natural”. “Eu acho que esse guri deve ficar na minha casa. Como meu filho, como uma coisa natural. Porque assim: a tia Ju e o tio Carlinhos, nossos amigos… não teria fundamento [entregá-lo a eles]. Com a avó materna…[seria] pior. Se existissem todas [as alternativas], acho que essa seria a pior”, disse o pai durante a audiência. Em seguida, a advogada de Leandro, que acompanhava a conversa, comenta que a avó sofria de problemas de alcoolismo e não mantinha boa relação com a filha, mãe de Bernardo, quando ela era viva.

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    Na gravação, o juiz se mostrou surpreso pelo fato de o menino ter procurado a Justiça por iniciativa própria para pedir a troca de família. “O Bernardo esteve aqui no fórum. É uma coisa que nunca tinha me acontecido. Uma criança vir pedir ajuda, pedir socorro aqui no fórum, dizendo: ‘ó, eu quero falar com o juiz’, ‘eu estou precisando’ [sic]. Nunca tinha me acontecido isso. Foi algo que me tocou”, disse o juiz a Leandro.

    Negligência – No início do diálogo, o juiz informa a Leandro as queixas que recebeu do menino e cita o relatório do conselho tutelar, que apontava que ele era vítima de negligência familiar. “A postura dele revela abandono afetivo. Pelo menos é o que ele sente do pai. E uma certa aversão à madrasta. Essa é a queixa do Bernardo. Ele traz para nós um quadro: ‘Em casa é o lugar onde menos estou, até falo dos meus problemas com meu pai, mas não adianta, e a madrasta só me xinga’. A vontade dele é de morar em outro lugar. Esse é o pedido dele. Qualquer pessoa que chegar e conversar com ele, vai ouvir isso. É algo que ele fala com muita naturalidade: ‘Não quero mais ficar lá em casa, quero achar outro lugar, com outra pessoa para cuidar de mim'”, afirmou o juiz a Leandro.

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    Após a audiência, o juiz decidiu dar um prazo de noventa dias para Leandro avaliar a situação com o filho, e voltar ao fórum no dia 13 de maio, desta vez junto com Bernardo. O menino, no entanto, foi assassinado em abril.

    Audiência – Nesta terça-feira, a mãe de Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz, acusados pela Polícia Civil de homicídio e ocultação do cadáver, prestou depoimento no Fórum de Rodeio Bonito, no interior do Rio Grande do Sul. Por meio de carta precatória, Doraci Terezinha Wirganovicz afirmou que Edelvânia não é “má pessoa” e foi “convencida” pela madrasta Graciele Ugulini a participar do crime. Ela também inocentou o filho, dizendo que ele estava pescando no dia do ocorrido.

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    À Polícia Civil, Edelvânia confessou ter ajudado a madrasta a cavar o buraco, onde o menino seria enterrado, em troca de 90.000 reais – montante que seria usado para ela quitar a dívida do seu apartamento. O cadáver foi encontrado às margens de um rio em Frederico Westphalen, próximo ao local onde a família Wirganovicz mora. No dia do desaparecimento, Doraci relatou que viu a filha chegar em casa com uma pá e uma cavadeira. “Não perguntei nada a ela, a família é inocente, ninguém sabia de nada. Foi aquela mulher [a madrasta] que botou coisa na cabeça dela”, disse Doraci na audiência, segundo o jornal Zero Hora.

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    Questionada sobre o suposto envolvimento de seu filho, Doraci respondeu que Evandro costumava pescar no local nos finais de semana. Ele foi preso sob a suspeita de ter ajudado as duas mulheres a enterrar o garoto. Após a descoberta do corpo, uma testemunha disse à polícia ter visto o carro de Evandro estacionado próximo ao rio um dia antes de o menino desaparecer.

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    Nesta segunda-feira, sete testemunhas foram ouvidas no Fórum de Três Passos, onde Bernardo morava com o pai, Leandro Boldrini, e a madrasta – acusados pela Polícia Civil de ser o mentor e a executora do crime, respectivamente. As testemunhas de acusação disseram que o garoto enfrentava uma rotina de humilhações e ameaças por parte do casal, que incluía ultrajar a memória da mãe morta e impedi-lo de comer.

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