O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi afastado do seu cargo nessa sexta-feira, 28, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A medida interrompe o sonho do ex-juiz de um dia se tornar presidente da República, conforme revelam mensagens de um celular apreendido pela Polícia Federal.
Em uma conversa de WhatsApp, Gothardo Lopes Netto, ex-prefeito de Volta Redonda, encaminhou para Witzel um meme com a imagem do governador do Rio segurando uma metralhadora. “Ministro da Cidades. To até escolhendo pasta”, escreveu Gothardo em agosto de 2019, após diversas ações da polícia militar no estado carioca. Em resposta, o ex-juiz enviou uma figurinha com uma montagem da sua própria foto estampando no peito uma faixa presidencial, uma prática que se repetia com frequência em suas conversas. “O grito de gol está na garganta”, afirmou Witzel.
Em outro diálogo, o ex-juiz compartilhou uma matéria sobre as suas articulações políticas para barrar a investida do governador de São Paulo, João Doria, na política carioca. “Ninguém para essa máquina”, disse Witzel, fazendo um autoelogio. O mandatário carioca também costumava compartilhar no WhatsApp figurinhas com a sua foto dando socos no ar no episódio em que celebrou a morte de um sequestrador de ônibus por um atirador de elite na Ponte Rio-Niterói. Em alguns momentos, ele enviava a sua imagem com a seguinte legenda: “Pode fuzilar”. Empolgado com a popularidade de Witzel, Gothardo Netto disse em mensagens enviadas para o governador do Rio que estava em curso o projeto “WW (Wilson Witzel) 22” e que o ex-juiz seguia “rumo ao planalto”.
Esse plano ambicioso acabou colocando Witzel e Jair Bolsonaro numa rota de colisão. Em outubro do ano passado, o presidente acusou o governador do Rio de ter manipulado a investigação da Polícia Civil sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. “No meu entendimento, o senhor Witzel está conduzindo esse processo para manchar meu nome com essa falsa acusação”, afirmou Bolsonaro. Em mensagem enviada a Gothardo Netto, o governador do Rio encaminhou uma nota oficial rebatendo o presidente e escreveu: “Essa guerra agora será da esquerda”.
Preocupado com essa batalha, o ex-prefeito de Volta Redonda fez fez um alerta: “Vc como ex magistrado conhece as pessoas e tb sabe perdoar. O que acha (sic)”. Witzel, convicto de sua posição, respondeu: “Este é o caminho pelo bem do Brasil”. Dez meses depois, o governador do Rio foi afastado do cargo, a pedido da Procuradoria-Geral da República e por determinação do Superior Tribunal de Justiça.