Os metroviários de São Paulo não desistiram de tentar reverter as 42 demissões anunciadas pelo governo em decorrência da greve da categoria, que levou o caos à capital paulista durante cinco dias. Para pressionar o governo, o sindicato avalia retomar a paralisação nesta quinta-feira, dia de abertura da Copa do Mundo. A proposta será decidida em assembleia na noite desta quarta. Mas o governo do Estado não pretende ceder: o governador Geraldo Alckmin (PSDB) já afirmou que as demissões não serão revistas – e que quem cruzar os braços novamente corre o risco de perder o emprego. Reportagem desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo informa que o governo já teria uma lista com até 300 nomes de funcionários que integraram a greve e poderão ser demitidos em caso de nova paralisação.
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De acordo com a publicação, líderes sindicais já teriam até mesmo recebido a lista. Com um quadro de 9.500 funcionários – sendo 7.500 condutores, supervisores, operadores e pessoal ligado à manutenção -, o metrô não teme a falta de funcionários para operar o sistema, ainda que demita de fato 300 pessoas.
Na tarde de terça-feira, Alckmin garantiu que o serviço de metrô funcionará normalmente na quinta-feira. Ao ser questionado sobre um possível “plano B” do governo e caso de paralisação, o governador afirmou que haverá metrô e trem para levar os torcedores até o Itaquerão, palco da partida entre Brasil e Croácia. “A paralisação seria um enorme oportunismo”, prosseguiu. Alckmin disse ainda que não faz sentido que os funcionários do metrô retomem greve, uma vez que a Justiça já considerou a paralisação abusiva. “Espero que não haja um grupo querendo fazer o desastre pelo desastre, o caos pelo caos”, afirmou.
Justiça – Em clima de indignação e com a promessa de retomada da greve, os metroviários tentaram nesta terça-feira um último lance: uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na esperança de que a Justiça solicite ao governo o cancelamento das 42 demissões. O TRT, porém, não havia confirmado a formalização do pedido até o início da noite desta terça. “A possibilidade da greve no dia 12 é muito concreta. Essa foi uma punição política do governo”, disse Paulo Pasin, um dos demitidos e presidente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro).
Sobre as 42 demissões anunciadas na segunda-feira, Alckmin afirmou que a decisão se deu porque os funcionários invadiram a estação e provocaram atos de vandalismo, e não porque aderiram à greve. “Voltando ao trabalho não haverá mais demissões. O governo tem que garantir transporte a 5 milhões de pessoas que querem trabalhar”, completou.