Eleição em Taiwan põe em xeque possibilidade de unificação com a China
Atual vice-presidente, eleito neste sábado, diz que quer paridade na relação com o país vizinho
O resultado das eleições em Taiwan deixou mais distante a possibilidade de unificação da ilha com a China. O atual vice-presidente, Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista, ganhou o pleito. A China observou com atenção o processo eleitoral, e demonstra preocupação com a escolha: o presidente agora eleito é contrário à unificação. Já em seu primeiro pronunciamento, Lai Ching-te reafirmou a intenção de proteger o Taiwan das “ameaças e intimidações” chinesas. Disse ainda que houve tentativa de “forças externas” de influenciar nas eleições. As conversas com a China, segundo ele se darão em ambiente de paridade.
O partido derrotado, de oposição, era o favorito do governo chinês, que vê a ilha como parte do país. O Partido Democrático Progressista governa o Taiwan desde 2016.
Quem estava na corrida presidencial em Taiwan?
O Partido Democrático Progressista (DPP), que assumiu o governo há oito anos, era alvo de críticas da oposição pela má gestão econômica. No tempo limite de mandato, a presidente Tsai Ing-wen foi impedida de concorrer ao novo pleito. No seu lugar, o vice-presidente, Lai Ching-te, chamado por Xi como “criador de problemas’, assumiu a disputa para dar continuidade às reformas sociais governistas – entre as conquistas, destaca-se a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ele também defende a criação de uma identidade taiwanesa forte, longe das influências chinesas.
No páreo, estava ainda o ex-chefe de polícia Hou You-yi, do conservador Kuomintang (KMT). Embora comande o coro da oposição, o partido é alvo de desconfianças entre os mais velhos. Após serem derrotados na Revolução Chinesa de 1949, os nacionalistas do KMT fugiram para Taiwan, declararam a legitimidade do seu governo e instauraram um sangrento governo que perdurou por décadas. Numa linha diferente do passado, Hou defende laços econômicos próximos com a China e uma identidade formada a partir de ideais chineses e taiwaneses.
Na terceira via, Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan, assumiu protagonismo. Suas promessas de campanha estavam centradas em medidas “pão e manteiga”, voltadas para o crescimento salarial e incentivo à moradia. Ko não se debruça em questões relacionadas à China, de forma a atrair a multidão jovem, pouco preocupada com a coação do gigante asiático.