Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Eduardo Paes: Rio não pode ficar isolado

Por Irene Ruberti
Atualizado em 19 jul 2016, 13h50 - Publicado em 28 jul 2008, 17h29

Quais problemas da cidade são mais urgentes e que medidas de curto prazo podem ser adotadas imediatamente para atacá-los?

Temos um problema grave na saúde, e esse setor será a nossa prioridade. A desordem urbana e a educação, com a aprovação automática, são problemas que também precisam ser enfrentados. Outra urgência é estabelecer parcerias. O Rio de Janeiro não pode mais viver em situação de isolamento.Vamos integrar as administrações municipal, estadual e federal para tirar a cidade do abandono.

Qual é a primeira medida que o (a) senhor(a) pretende anunciar assim que assumir o cargo?

Vamos acabar com a aprovação automática e dar início a construção de mais unidades de pronto atendimento 24 horas, as UPAs. Faremos 40 ao longo dos quatro anos de governo. Outra meta é investir no programa Saúde da Família. Criaremos 60 consultórios da família – um novo modelo de atendimento básico que funcionará em três turnos e, junto com as UPAs vai desafogar as emergências dos hospitais. Vamos criar também a Secretaria da Ordem Pública, onde teremos um xerife para estabelecer a autoridade na cidade e acabar com o Ilegal e daí?

Qual é o projeto que o (a) senhor (a) gostaria de ver implantado até o fim da sua gestão, mas admite que será muito difícil concretizá-lo?

A despoluição da Baía de Guanabara, que talvez seja apreciada somente pela geração dos meus filhos. O erro do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) foi abrir várias frentes de obras e não concluir nenhuma. Atrasos anteriores prejudicaram o andamento do cronograma. Hoje, o governo do estado retomou as obras e o programa de despoluição está a todo vapor.

A Prefeitura tem verba suficiente para o (a) senhor(a) implementar seus projetos?

Sim. A prefeitura não tem problema de caixa. Sou candidato porque acredito que o Rio é viável. Existe uma série de oportunidades de se aumentar o orçamento da prefeitura. A securitização da dívida ativa é uma delas, assim como a renegociação do serviço da dívida com a União. A diminuição da informalidade vai gerar aumento de receita. Reduzida pela metade, por exemplo, representaria um acréscimo de caixa de R$ 500 milhões/ano.

O Rio tem muitos problemas, mas também qualidades. O que o (a) senhor (a) considera o ponto forte da metrópole e como dar condições para que se desenvolva ainda mais?

O Rio tem um grande potencial turístico ainda a ser explorado. Em primeiro lugar, temos que dar um choque de ordem urbana na cidade, organizando postura, resgatando a autoridade e conservando melhor os espaços públicos. Uma das alternativas econômicas seria a realização de eventos de grande porte no setor de entretenimento e esportes, como por exemplo o Pan, que incrementou a economia, gerou empregos e promoveu a cidade. Temos uma nova oportunidade agora com os Jogos Olímpicos de 2016. Já assumi um compromisso com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), por exemplo, de criar incentivos fiscais, em parceria com os governos estadual e federal, para a expansão da rede hoteleira da cidade. O projeto RIO 2016 prevê novos corredores viários; despoluição de rios, lagoas e praias; instalações esportivas modernas; fortalecimento do sistema de segurança. Tudo isso somado possibilitaria a plena realização do nosso potencial turístico. Agora, é preciso parceria. A realização dos jogos só será possível com a união da prefeitura e os governos estadual e federal. E essa parceria nós vamos estabelecer.

Quanto o (a) senhor(a) pretende gastar em sua campanha e como vai custeá-la?

O teto apresentado ao TRE é de R$ 12 de milhões. Mas isso não significa que é esse o valor a ser gasto. Em 2006, apresentamos um teto de R$ 15 milhões e gastamos pouco mais de R$ 2 milhões.

O (a) senhor(a) costuma freqüentar as praias do Rio? Se sente seguro contra a ação de ladrões e tranqüilo quanto à qualidade da água?

Quando é possível, costumo ir com minha mulher e meus dois filhos à praia da Barra. Me sinto muito tranqüilo com relação à segurança. As praias do Rio são um espaço democrático, em sua maior parte tranqüilo. O carioca não vai à praia movido pelo medo. Ao contrário. Vai à praia para relaxar, ver os amigos, namorar. Com relação à qualidade da água, o problema é mais grave nas praias da Baía de Guanabara.Vamos trabalhar em parceria com o governo do estado e o governo federal para dar continuidade a essa grandiosa meta, que é despoluir a Baía de Guanabara.

Como a violência tem afetado sua rotina na cidade? Já evitou algum evento ou mudou algum caminho no trânsito por precaução? O que pretende implementar nessa área na sua gestão?

Não mudei minha rotina – nem vou mudá-la – por causa da violência. Continuo fazendo o que sempre fiz, andando pelas mesmas ruas, fazendo os mesmos caminhos. Para ajudar no combate à criminalidade, vamos investir em iluminação pública, conservação e manutenção de espaços públicos degradados, destinados ao lazer dos cariocas e investir no combate ao pequeno delito, de forma integrada com a Polícia Militar. Uma cidade como Rio – que tem uma população que gosta de utilizar os espaços públicos – precisa ser bem cuidada, conservada. A iluminação adequada e a presença da guarda municipal, por exemplo, são inibidores do crime e garantia de qualidade de vida para o cidadão.

O salário de prefeito do Rio é de pouco mais de R$ 11 mil, provavelmente menos do que o (a) senhor(a) receberia exercendo sua profissão na iniciativa privada, mas com muito mais cobranças. Por que o (a) senhor(a) quer ser prefeito do Rio?

Toda a minha vida pública foi dedicada ao Rio. A minha experiência em cargos no legislativo e no executivo do Rio me deu equilíbrio que permite dosar ação e articulação. Qualidades que eu considero fundamentais para um administrador. Amo a minha cidade e quero devolver à população a auto-estima, o orgulho de ser carioca.

A crise na área de saúde foi evidenciada com a epidemia de dengue no Rio. O que o (a) senhor(a) pretende fazer para equipar hospitais e postos municipais?

É preciso parar com essa briga para saber se o mosquito é municipal, estadual e federal. Por causa dessa briga política da prefeitura com o estado e a União, o município já perdeu recursos para o combate à dengue, para as Samus e para o Programa de Saúde da Família. É possível fazer uma prevenção eficaz. Basta ter um agente de saúde educando a população para o problema da dengue. Já visitei os hospitais Lourenço Jorge, Miguel Couto e a Maternidade Leila Diniz, e vi que há um grave problema de recursos humanos. A maternidade, por exemplo, já está toda equipada, mas não tem pediatra. Os salários dos médicos são uma outra questão. Vamos trabalhar para valorizar esses profissionais. Quero ampliar as garantias dos servidores e estender aos familiares o plano de saúde. Temos também projetos para o atendimento da mulher. Vamos construir um hospital e cinco centros de saúde para mulheres, onde elas terão um bom acompanhamento de pré-natal. Vamos criar ainda o kit-enxoval, a ser entregue para as mães na saída das maternidades, com artigos de primeira necessidade.

O que é preciso para que o Rio possa ser – de fato – uma cidade maravilhosa para se morar?

Em primeiro lugar, interromper a trajetória de omissão e abandono em que se encontra hoje a cidade. Em segundo, transformar em prioridade de governo os problemas do cotidiano da população. Fazer com que o Rio se torne uma cidade mais segura, mais limpa, iluminada. Mais justa e mais humana. Com atendimento médico digno, com oportunidades de emprego. Mas não podemos esquecer que o Rio é único por causa da sua gente. Apesar de todas as dificuldades, é a alegria e a inventividade do carioca que fazem de nós a vanguarda cultural da Nação. A cara do Brasil para o mundo.

Descreva como o (a) senhor(a) acha que será o Rio de 2028.

O Rio de 2028 começa a ser projetado já, com a nossa decisão de ter um Rio melhor para nossos filhos e netos. Vamos trabalhar para que daqui a 20 anos o Rio seja o maior pólo de turismo das Américas. Que seja a cidade das oportunidades, exemplo de saúde, sem dengue e tuberculose, e de educação. Um Rio de praias limpas, de cadeiras nas calçadas, sem medo de bala perdida. Acima de tudo, uma cidade que mães não chorem a perda dos filhos para a violência.

Como o (a) senhor (a) gostaria de ser lembrado pelas futuras gerações de cariocas?

Quero mudar para melhor a vida das pessoas com minha administração. Quero ser lembrado como o prefeito que não se trancou em gabinetes ou palácios. Que respondeu com políticas públicas modernas e eficientes às necessidades básicas da população. O que devolveu ao carioca a dignidade, o respeito, a cidadania, o direito à saúde, à educação. Um prefeito que governou para todos. Que devolveu à mais linda cidade do mundo o título de maravilhosa.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.