O ex-ministro e deputado cassado José Dirceu criticou o suposto “uso político” da Polícia Federal num encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último mês. De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, a conversa ocorreu em Brasília e Dirceu reclamou do ministro da Justiça, Tarso Genro, que é seu rival político dentro do PT. Dirceu nega o encontro.
A conversa teria ocorrido depois que o então prefeito de Juiz de Fora (MG), Carlos Alberto Bejani (PTB), foi preso pela PF sob acusação de desvio de 1 milhão de reais. Os agentes da PF mostraram um vídeo em que Bejani falava sobre um encontro com Dirceu e posterior liberação de 70 milhões de reais. Dirceu não gostou do vazamento das imagens e reclamou com Lula, dizendo que a PF é “instrumentalizada” por Tarso para prejudicar rivais.
Na quarta, Tarso foi questionado sobre se Dirceu é um dos alvos da Operação Satiagraha. Disse que não — mas por enquanto. “A informação sobre Dirceu é lateral e não constitui a centralidade do inquérito. Ele não é alvo. Quem foi envolvido lateralmente só será avaliado posteriormente”, disse o ministro. O advogado de Dirceu, José Luiz Oliveira Lima, reclamou da declaração de Tarso, considerada “inadequada”.
“Quem preside as investigações é o delegado, que preservou o ex-ministro José Dirceu, e não o ministro da Justiça”, disse o defensor. Conforme a apuração da PF, Daniel Dantas e seu Grupo Opportunity usavam “pessoas influentes no meio político” para defender seus interesses, e uma dessas pessoas seria Dirceu. O ex-ministro não está entre os envolvidos no funcionamento da organização criminosa, mas conhece pessoalmente vários deles.