Deputado tucano fez negócios com Cachoeira
Carlos Alberto Leréia foi flagrado em escutas da PF, usando celular habilitado nos EUA. Segundo investigações, ele recebeu depósitos bancários e tem sociedade com bicheiro num terreno de 800 mil reais
Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, revelam que o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) também negociava com a organização comandada pelo contraventor Carlos Alberto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O tucano, segundo as investigações, recebeu depósitos bancários e bens – inclusive imóveis – obtidos com atividades ilícitas.
Leréia é aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e, a exemplo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), também usava um telefone da marca Nextel, habilitado nos Estados Unidos, cedido por Cachoeira para dificultar grampos nas comunicações do grupo.
Ele é um dos seis parlamentares relacionados até agora como alvos do inquérito criminal aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República. Os outros são os deputados Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT) e Sandes Júnior (PP), todos de Goiás, além de Stepan Nercessian (PPS-RJ), que confirmou ter recebido 175 mil reais de Cachoeira, segundo a edição de ontem do jornal Folha de S. Paulo. Ainda ontem Stepan pediu, por meio de nota, licença temporária do PPS e de todos os cargos e funções que ocupa no partido.
Entre os valores destinados ao deputado tucano e já rastreados estão um depósito de 100 mil reais, feito na conta de uma empresa comandada supostamente por laranjas – a Linkmidia Tecnologia da Informação e Editoração Ltda – e uma sociedade com Cachoeira em terreno avaliado em 800 mil reais, em um condomínio de luxo em Goiânia.
Leréia informou pela assessoria que só vai se manifestar sobre as acusações depois que tiver pleno acesso aos autos do inquérito.
A empresa Linkmidia fica em Formosa (GO), a 80 quilômetros de Brasília, e está registrada em nome de Hugo Teixeira, mas pertence de fato ao pai, Leônidas Teixeira, segundo apurou a PF.
(Com Agência Estado)