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Datas: Paulo César Pereio, Roger Corman e Richard Slayman

As despedidas que marcaram a semana

Por Da Redação Atualizado em 3 jun 2024, 16h52 - Publicado em 17 Maio 2024, 06h00

O ator Paulo César Pereio aplicaria drama e humor com o vozeirão rouco e inigualável, de sotaque gaúcho, caso pudesse ler seus próprios obituários — não haveria narrativa mais poderosa. A rebeldia, contra tudo e todos, em postura democrática, era a marca registrada de um canastrão — sempre mal-humorado, malcriado, respondão (“eu te amo, porra”, de um de seus bordões), que sabia ser delicado. Ele despontou ao sucesso em Terra em Transe, de 1967, ícone do Cinema Novo liderado por Glauber Rocha. Nos anos 1970, aderiu à pornochanchada, em filmes como As Loucuras de um Sedutor e As Aventuras Amorosas de um Padeiro, de 1975.

Mas, irrequieto, estudioso, nunca deixou de dar as mãos a cineastas que iam na contramão. Trabalhou com Arnaldo Jabor em Toda Nudez Será Castigada, de 1972, e A Dama do Lotação, de 1978. Com Cacá Diegues fez Chuvas de Verão, de 1978. Dirigido por Jorge Bodanzky, foi o caminhoneiro Tião, em Iracema, uma Transa Amazônica, de 1975 — irreverente, escondeu dos produtores que não sabia dirigir e, diante das câmeras, deu um jeito. Desde 2020 vivia no Retiro dos Artistas, no Rio, espaço dedicado a profissionais que já não conseguem sobreviver sozinhos. Morreu em 12 de maio, aos 83 anos, no Rio. Tratava de uma doença hepática avançada.

Hollywood lado B

BAIXO ORÇAMENTO - Roger Corman: produções tão, mas tão ruins que chegam a ser boas, como A Pequena Loja dos Horrores, de 1960
BAIXO ORÇAMENTO - Roger Corman: produções tão, mas tão ruins que chegam a ser boas, como A Pequena Loja dos Horrores, de 1960 (Archives du 7eme Art/Photo12/AFP)

Se você já gostou de um filme ruim, dito “B”, no jargão de Hollywood, agradeça ao cineasta, produtor e roteirista americano Roger Corman. Ele dirigiu clássicos de baixo orçamento tão, mas tão sem nexo que chegam a ser bons — A Ilha do Pavor: Ataque dos Caranguejos, de 1957, A Pequena Loja dos Horrores, de 1960, e uma série de longas baseados nos textos de Edgar Allan Poe. Mas convém celebrá-lo, em mais de setenta anos de carreira, também pelo olhar apurado para descobrir gente boa em início de trabalho. Foi ele quem lançou nomes como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Jack Nicholson e James Cameron. Corman morreu em 9 de maio, aos 98 anos, em Santa Mônica, nos Estados Unidos.

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Paciente pioneiro

MARCO Richard Slayman (à esq.), o primeiro a receber um rim de porco geneticamente modificado: a cirurgia foi feita pela equipe do nefrologista brasileiro Leonardo Riella
MARCO Richard Slayman (à esq.), o primeiro a receber um rim de porco geneticamente modificado: a cirurgia foi feita pela equipe do nefrologista brasileiro Leonardo Riella (Michelle Rose/Massachusetts General Hospital/Divulgação)

O americano Richard Slayman tinha uma doença renal em estágio terminal, diabetes tipo 2 e hipertensão. Já havia passado por um transplante tradicional em 2018, mas o órgão apresentara problemas vasculares. Em março deste ano, em um feito extraordinário da medicina, ele foi submetido a transplante de um rim de porco geneticamente alterado. A cirurgia foi realizada no Massachusetts General Hospital, localizado em Boston, nos Estados Unidos, comandada pelo nefrologista brasileiro Leonardo Riella. Em depoimento a VEJA, logo depois da intervenção, Riella resumiu o salto, mundialmente celebrado: “Foi como montar um quebra-cabeça de 500 peças. Ele voltou para casa e já passou a parte mais difícil, mas, claro, há incertezas. Mesmo assim, vamos monitorá-­lo com atenção para obter o maior conhecimento possível e fazer um estudo com mais pacientes”. Em 11 de maio, contudo, Slayman morreu, aos 62 anos. Não há indício de que tenha sido em decorrência da operação.

Publicado em VEJA de 17 de maio de 2024, edição nº 2893

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