O terceiro dia de julgamento de Gil Rugai, acusado de matar o pai, Luís Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra Troitini, em março de 2004, começou com o depoimento do contador da produtora de vídeo das vítimas, Edson Tadeu Moura. Testemunha da defesa, Moura disse não ser possível confirmar se houve desvio na produtora de Luís Carlos.
Segundo a promotoria, estima-se que Gil Rugai desviou 150.000 reais da empresa do pai, e que o teria matado para não ser denunciado à polícia. O promotor Rogério Zagallo questionou a testemunha se os desvios podem não ter sido identificados porque foram feitos em pequenas quantidades. “Pequenos saques se diluem nas despesas da empresa, é complicado achar”, respondeu o contador.
Sobre cheques que Gil Rugai teria emitido falsificando a assinatura do pai, Moura afirmou que essa prática é muito comum em empresas pequenas e familiares, apesar de ilegal. O contador afirmou, ainda, que após o crime nenhum documento contábil da empresa desapareceu. A defesa de Gil Rugai destacou que nunca foi realizada uma perícia contábil para comprovar os supostos desvios de dinheiro feitos pelo réu.
Leia também:
Juiz convoca sócio de Gil Rugai para depor em julgamento
Defesa relaciona morte do pai de Rugai ao tráfico de drogas
A promotoria, no entanto, diz que houve uma flagrante de Gil Rugai falsificando a assinatura do pai para emitir um cheque de 2.000 reais. O réu teria ainda, segundo a promotoria, feito uma compra de equipamentos para sua empresa no valor de 25.000 reais usando dinheiro da produtora de vídeos do pai.
O outro contador da produtora de Luís Carlos Rugai, José Eugênio Moura, que também iria depor pela defesa, foi dispensado.
A segunda testemunha do dia foi a antropóloga Ana Lucia Pastore, do Núcleo de Antropologia do Direito da Universidade de São Paulo (USP). A defesa procurou usar o depoimento da especialista, que durou cerca de 50 minutos, para mostrar que a acusação tentou criar uma reputação negativa de Rugai. Ao longo do processo, segunda a defesa, foram juntadas provas como imagens do suspeito com uma suástica e uma carta de uma amiga do réu dizendo que ele seria homossexual e deveria se assumir.
A testemunha confirmou que esse material poderia ser usado para construir uma imagem negativa do réu. O promotor Rogério Zagallo tentou então desqualificar a opinião da especialista e a convidou para dar uma palestra na Universidade Mackenzie, onde ele leciona. “Esse discurso, com todo o respeito, vai cair como uma luva na academia, mas não no caso concreto”, comentou ele. Zagallo ainda perguntou se ela havia lido as cerca de 6.000 folhas do processo. “Da mesma forma que eu não li as 6.000 folhas, os jurados também não as leram”, respondeu a antropóloga.