Até agora, apenas três dos 170 clientes que tiveram seus cofres roubados durante o assalto a uma agência do banco Itaú na Avenida Paulista apresentaram queixa à polícia. De acordo com Ricardo Chilelli, especialista em segurança e diretor-presidente da RCI First, empresa que constrói bunkers em São Paulo, a tímida reação das vítimas configura um sinal preocupante por trás da história.
O espetacular assalto ocorrido em 27 de agosto e que só agora veio à tona colocou os clientes do banco num impasse. Segundo Chilelli, a maior parte dos pertences guardados nesse tipo de cofre não costuma integrar a declaração de renda de seus proprietários. Por isso, poucos tentaram reaver o conteúdo roubado.
“É difícil registrarem queixa”, diz Chilelli. “Quando registram, fazem isso pela metade”. Sem revelar detalhes, o especialista informou que há pessoas que chegam a armazenar pedras preciosas em estado bruto ─ como diamantes, por exemplo ─ em cofres particulares. Os donos dos cofres arrombados por bandidos naquela madrugada de domingo são, geralmente, milionários. Pelas regras do banco, só eles conhecem o conteúdo armazenado na agência.
Informações ─ Eram exatamente 23h50 de sábado, 27 de agosto, quando doze assaltantes armados e disfarçados invadiram uma agênciado banco Itaú, na esquina da Rua Frei Caneca com a Avenida Paulista. Eles vestiam uniformes idênticos aos utilizados por funcionários da manutenção do prédio e carregavam caixas de papelão. Um dos criminosos rendeu um vigilante do banco, que liberou a entrada do bando. Dez homens desceram até o subsolo da agência, onde estão instalados os cofres particulares.
Os bandidos passaram dez horas no local, arrombaram 170 cofres e, pela manhã, escaparam sem obstáculos. O caso foi registrado no 78º Distrito Policial, nos Jardins. A investigação está por conta da Delegacia de Repressão a Roubo a Bancos do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (DEIC). Os policiais tentam descobrir por que o alarme do banco não foi acionado. Um policial disse ao site de VEJA que os investigadores desconfiam que os criminosos foram abastecidos por informações privilegiadas, possivelmente provenientes de funcionários.