Por Angela Lacerda
Recife – Área de proteção ambiental e parque nacional marinho, a Ilha de Fernando de Noronha registrou, de janeiro a maio deste ano, um número quase cinco vezes maior de casos suspeitos de dengue em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 28 casos suspeitos nos cinco primeiros meses de 2011 – 12 deles confirmados – contra 130 deste ano. Dos 130, 17 foram confirmados e 50 descartados. Os 67 casos restantes aguardam resultado de exame de sangue.
De acordo com a coordenadora de Saúde de Fernando de Noronha, Fátima Souza, já há característica de surto da doença na ilha. “O aumento da frequência é uma realidade, mas a situação está sob controle”, afirmou, ao lembrar que no período de chuvas – que ocorre no local – é natural o aumento da doença, pois calor e umidade são favoráveis ao mosquito transmissor, o Aedes Aegypti.
Até o momento não houve registro do tipo 4 da dengue e várias ações são desenvolvidas visando à não proliferação da doença. A coordenadora local da Vigilância Sanitária, Liliane Silvestre, destaca que a ilha é uma porta de entrada da dengue, por receber turistas brasileiros e do exterior. “Alguns deles podem chegar já infectados”, afirma. Além disso, muitos moradores da ilha visitam o continente e retornam com a possibilidade de estarem infectados.
Noronha é distrito do Estado de Pernambuco e tem uma população de 2.695 pessoas (censo de 2010) e 951 imóveis. Quando um caso é confirmado, a moradia do infectado é vistoriada e alvo de aspiração de focos detectados e combate com uso de larvicida biológico. Neste trabalho, a vigilância conta com a parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – que fornece os kits para diagnóstico rápido e armadilhas para a captura do mosquito (ovitrampas). Os exames de sangue são analisados no Laboratório Central de Pernambuco (Lacen), em Recife.
Silvestre afirma que a totalidade dos imóveis é vistoriada várias vezes ao ano, mesmo as moradias de quem não tem suspeita de dengue. O objetivo é a prevenção, evitando que depósitos de água fiquem abertos e que objetos possam acumular água. Segundo ela, a população não tem colaborado, acumulando lixo. Nem todos os casos suspeitos têm confirmação rápida por meio do teste NS1, que fornece diagnóstico imediato. Quem não se submete ao NS1 – nem sempre há disponibilidade de estoque do kit na Fiocruz – aguarda o resultado de exame de sangue (sorologia), que é enviado para análise em Recife. Todos – mesmo os que tiveram resultado negativo para o exame do diagnóstico rápido – fazem a sorologia, para confirmação laboratorial.