Caso Mércia: vigia é condenado a 18 anos de prisão
Evandro Bezerra da Silva foi acusado de ter auxiliado Mizael Bispo a assassinar a ex-namorada Mércia Nakashima em 2010
Após três dias de julgamento, o vigia Evandro Bezerra da Silva, acusado de participar do assassinato de Mércia Nakashima, foi condenado a dezoito anos e oito meses de prisão. O júri, formado por quatro homens e três mulheres, incriminou o vigia por homicídio duplamente qualificado – meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. A sentença foi lida pela juíza Maria Gabriela Riscale Tojeira, nesta quarta-feira, no Fórum de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.
O vigia foi acusado de ter ajudado o ex-policial militar e advogado Mizael Bispo a cometer o crime contra a sua ex-namorada. Apontado como o executor do crime, Mizael foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, meio cruel e sem dar chance de defesa à vítima – e ocultação de cadáver, no dia 14 de março deste ano.
Segundo as investigações, no dia do crime – 23 de maio de 2010 -, Evandro conversou dezenove vezes com Mizael por celular e foi buscá-lo próximo a uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, onde o corpo e o carro de Mércia foram encontrados semanas depois.
Interrogado, o vigia admitiu que deu carona para Bispo no dia do crime, mas disse que desconhecia o que acontecera momentos antes. Ele ainda contou que viu Bispo entrar no carro com duas armas de fogo, mas que isso não era incomum. Segundo o vigia, ele andava sempre armado.
Para o promotor Rodrigo Merli, responsável pela acusação, as ligações comprovam a coautoria dele no crime. Para o advogado de defesa, Aryldo de Oliveira, configurava apenas uma relação profissional, uma vez que o réu era funcionário de Mizael.
A defesa questionou os autos e afirmou que Mércia Nakashima não morreu no dia 23 de maio. Na terça-feira, uma testemunha, apresentada como “Alfa”, afirmou ter visto a vítima no dia 26 de maio num pedágio de uma estrada de Guararema, no interior de São Paulo.
Diante do júri, o vigia disse que só confessou o envolvimento no homicídio porque foi torturado pela polícia.
Na segunda-feira, a primeira testemunha ouvida pelo tribunal, o advogado Arles Gonçalves, negou o relato do vigia e reforçou que não houve tortura. “Na minha frente, Evandro nunca disse que foi torturado. Se ele tivesse falado, eu teria tomado providências na hora”, disse Gonçalves.
No mesmo dia, o irmão de Mércia, Márcio Nakashima, depôs ao tribunal que um colega de trabalho do vigia lhe contou que o réu teria sumido estranhamente após o crime.
No final do seu interrogatório, nesta terça-feira, Evandro Bezerra da Silva chorou e reforçou a sua inocência: “Estou sendo acusado de um crime que não cometi”.
(Com Estadão Conteúdo)