Durante a explanação da defesa, os advogados Samir Haddad e Ivon Ribeiro, que defendem o ex-policial militar Mizael Bispo, tentaram derrubar as provas apresentadas pelo Ministério Público. Mizael é acusado de assassinar a ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, em 23 de maio de 2010. “O que vimos aqui foi um festival de pinóquios”, provocou Samir Haddad. Ele chorou ao contar aos jurados um pouco da própria história.
“Não existe nesse processo nenhuma prova de que o réu é o culpado. Nada concreto. Foram três anos de falácia”, afirmou Ivon Ribeiro. “O que temos é um laudo claramente fabricado.”
A decisão sobre a condenação ou não de Mizael deverá sair ainda nesta quinta-feira. A promotoria dispensou o direito à réplica.
Durante a dissertação dos advogados, Mizael permaneceu com a cabeça baixa a maior parte do tempo. Samir Haddad criticou a “memória seletiva” da acusação, que, segundo ele, induziria os jurados ao erro. A defesa voltou a afirmar que o vigia Evandro Bezerra, acusado de ser coautor do crime, confessou sua participação no assassinato porque foi submetido à tortura durante interrogatório. “Botaram o saquinho nele”, afirmou, referindo-se à suposta tentativa de asfixia com saco plástico. “Quem viu o filme Tropa de Elite sabe que o saquinho não deixa marcas, hematomas. Quem apanha não esquece, mas quem bate esquece. Se é mentira do Evandro, por que não investigaram?”, disse.
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Em sua fala, Ribeiro chamou o delegado Antônio de Olim, responsável pelas investigações, de “fanfarrão”. “Sabe quantos homicídios ele investigou?”, questionou. “Só o do meu cliente”, completou. Ribeiro acusou também a promotoria de editar os e-mails trocados entre Mércia e Mizael. “Existem 248 ligações de Mércia para Mizael em maio e 48 dele para ela”, observou o advogado. Se esse é o comportamento de uma mulher que rejeita, eu fico meio sem parâmetros.”
A defesa não perdeu a oportunidade de elogiar os jurados. “Deus operou pelas nossas mãos para vocês estarem aí. Um provérbio árabe já diz que tudo está escrito, tudo está traçado”, afirmou Samir Haddad. Em sua fala, Ivon Ribeiro agradeceu as 26 perguntas feitas pelos jurados.
Na conclusão, Samir Haddad afirmou que “não haveria vitoriosos naquele júri”. “Se o réu for absolvido, o verdadeiro assassino permanecerá livre. Se for considerado culpado, vão prender um inocente”. E pediu: “Não devemos nos acovardar diante de nossas consciências. Avaliem pelas provas técnicas somadas a convicção de cada um dos senhores”.