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Caso Marielle: PF faz buscas contra tentativa de atrapalhar investigação

Operação envolve força federal para apurar obstáculos ao trabalho de investigação e, nesse primeiro momento, inclui apenas mandados de busca e apreensão

Por Da Redação
Atualizado em 21 fev 2019, 09h54 - Publicado em 21 fev 2019, 09h15
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  • A Polícia Federal realiza, na manhã desta quinta-feira, 21, na cidade do Rio de Janeiro uma operação para apurar tentativas de atrapalhar as investigações da execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

    A investigação sobre as causas da morte corre sob sigilo e é conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. De acordo com a PF, as medidas, que incluem neste momento apenas mandados de busca e apreensão sem nenhum pedido de prisão, foram pedidas pelo Ministério Público estadual e determinadas pela Justiça.

    “Ressalte-se que as investigações a cargo da Polícia Federal se restringem à identificação de entraves e obstáculos dirigidos à investigação dos crimes, estando a cargo dos órgãos de segurança do Estado do Rio de Janeiro a apuração da autoria, motivação e materialidade de tais eventos criminosos”, diz o órgão, em nota.

    Tensão

    O envolvimento da PF para apurar suspeitas de interferência na apuração do crime foi anunciado em novembro pelo então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Ele confirmou, como havia sido informado pela coluna Radar, que esse era um pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A suspeita era que agentes públicos e milicianos estivessem tentando impedir a solução do caso.

    Em entrevista coletiva, o ministro da Segurança afirmou que depoimentos colhidos pelo Ministério Público Federal (MPF) indicavam essa atuação da quadrilha e demandavam uma apuração externa à Polícia Civil, o que provocou uma reação inflamada de duas associações de delegados fluminenses, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindelpol-RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol-RJ).

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    Para as entidades, Jungmann estava “dando maior credibilidade à palavra do referido criminoso em detrimento de agentes do Poder Público de notória história de combate à criminalidade” e queria faturar politicamente com o caso. Com o fim do governo Temer, a pasta da Segurança foi incorporada à da Justiça, ambas comandadas atualmente pelo ministro Sergio Moro.

    Milícia

    Nas últimas semanas, apesar do sigilo do inquérito, diversas autoridades do Rio de Janeiro deram indicativos de que a responsabilidade pela execução de Marielle Franco seria de milícias que atuam na Zona Oeste da capital fluminense, em especial uma, batizada de “Escritório do Crime”. O grupo, influente na área de Rio das Pedras, teria seus interesses ameaçados pela atuação da vereadora.

    Secretário de Segurança Pública durante o período da intervenção federal no Rio, entre 16 de fevereiro e 31 de dezembro do ano passado, o general Richard Nunes foi quem deu mais declarações nesse sentido. Em novembro do ano passado, Nunes disse não acreditar que tenha sido um “crime de ódio”, em virtude da atuação da parlamentar nas causas feminista, negra e LGBT, mas sim de “contrariedade de interesses”, com a certeza de alguma participação de milicianos.

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    “Não é um crime de ódio – falei isso logo na primeira entrevista que dei, em março, sobre isso. É um crime que tem a ver com a atuação política, em contrariedade de alguns interesses. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução”, afirmou, à época. Mesma opinião foi manifestada em janeiro pelo procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem.

    Grilagem

    A atuação de Marielle que, especula-se, teria provocado a reação dos criminosos diz respeito à grilagem de terras, a falsificação de documentos e a tomada ilegal da posse desses espaços. Em 23 de janeiro, uma operação contra o Escritório do Crime, não foi relacionada com à que apura a execução da vereadora, mas foi vista como uma forma de ajudar a elucidar este caso.

    Em depoimentos, dois dos membros que foram presos, os policiais militares Ronald Paulo Alves Pereira e Maurício da Silva Costa, negaram envolvimento com o caso. Havia a expectativa dos investigadores que, uma vez presos, eles eventualmente dessem mais informações sobre a morte de Marielle, talvez até sob a forma de uma colaboração premiada. O líder da quadrilha e um dos principais suspeitos de ter participado da morte da política é o ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, que está foragido.

    Uma das hipóteses da Polícia Civil é de que o grupo teria sido contratado para executar Marielle. Nas palavras de um envolvido na apuração do caso, o escritório seria um “trabalho freelancer” da quadrilha de milicianos que age em Rio das Pedras e teria em Adriano Nóbrega seu principal líder. De perfil discreto e avesso às redes sociais, o ex-capitão do Bope é considerado um exímio atirador e é temido até dentro da Polícia Militar.

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