O procurador de Justiça Francisco Cembranelli, que foi o promotor do caso Isabella Nardoni, afirma que um novo laudo feito a pedido do advogado de defesa do casal acusado de ter assassinado a menina não será capaz de provocar uma reviravolta na condenação. O relatório, feito nos Estados Unidos, mostra que os ferimentos no pescoço de Isabella não teriam sido feitos por mãos.
Cembranelli disse que a perícia contestada pelo novo laudo não é a única que coloca Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá na cena do crime. “Há ainda a reprodução simulada do fato, feita por uma equipe de vinte profissionais, no próprio edifício em que ocorreu o crime. Foram também ouvidas pelo menos oitenta pessoas no processo, que trouxeram toda a história de vida dos envolvidos, e as testemunhas que ouviram no prédio ao lado o casal discutindo imediatamente após a menina ter sido jogada”. Entre os documentos levantados pelo Ministério Público está o GPS que coloca o casal no apartamento no momento em que a menina foi jogada, além de perícia nas roupas do casal e reagentes que indicaram sangue pelo apartamento.
Isabella foi morta em 2008, aos 5 anos. Em 2010, o pai recebeu pena de 31 anos de prisão, e a madrasta, de 26 anos e oito meses. O procurador questiona a isenção do relatório feito pelo diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da George Washington University, James K. Hahn, a pedido do advogado do casal, Roberto Podval.
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Segundo Cembranelli, a conclusão dos peritos de São Paulo sobre os ferimentos foi determinada por profissionais que “tiveram Isabella nas mãos durante 9 horas e não apenas por fotografias”. “Os peritos manusearam o corpo, fotografaram, deram depoimento na Justiça. Essa prova não foi feita por um cidadão que pegou o caso por fotografia, cinco anos depois, e comparou com um molde das mãos do casal.” O procurador afirma ainda que perícias brasileiras apontam que o arbusto do jardim estava intacto após a queda da menina, contestando uma das hipóteses do novo laudo, a de que Isabella teria arranhado o pescoço na planta.
Sobre a possibilidade de a Justiça aceitar a análise de contestação das provas em habeas corpus, ele afirma que não vê probabilidade de o relatório ser aceito. “Não se costuma permitir a discussão do mérito em habeas corpus. Mas pode ser até que algum tribunal aceite discutir essa questão. O importante é que não vai alterar nada, temos outras provas.”
(Com Estadão Conteúdo)