Caso Henry: Que a impunidade não vença
Monique Medeiros, acusada de tomar parte na bárbara trama do assassinato do próprio filho, de 4 anos, deixou a cadeia
Às vésperas de completar um ano de prisão, a professora Monique Medeiros, 34 anos, acusada de tomar parte na bárbara trama do assassinato do próprio filho, Henry Borel, de 4, deixou a cadeia por decisão da Justiça do Rio de Janeiro na terça-feira 5. Ela não conseguia esconder a expressão de alívio ao sair das grades. Com a ferida do luto ainda latente, o pai do menino, o engenheiro Leniel Borel, disparou: “Inacreditável”, dando voz à indignação aflorada por uma incômoda sensação de ausência de punição. A soltura de Monique, que responde por homicídio triplamente qualificado com emprego de tortura, foi justificada por supostas ameaças das quais estaria sendo alvo no presídio, “um risco à sua integridade física”. Ela havia sido presa um mês depois daquele chocante 8 de março de 2021, quando Henry foi covardemente abatido no apartamento da Barra da Tijuca onde morava com a mãe e o padrasto, o ex-vereador Dr. Jairinho, que segue atrás das grades. À época, a dupla intimidava testemunhas e embaralhava as investigações. O encadeamento dos fatos que resultaram em 23 lesões no corpo da criança não foi de todo esclarecido, mas Monique, que sabia que o namorado agredia seu filho e no princípio sustentava suas versões fantasiosas, agora tenta livrar-se empurrando-lhe integralmente a culpa. “Só Deus, meu filho e Jairinho sabem o que aconteceu naquela madrugada”, esquivou-se em recente depoimento. Em prisão domiciliar e com tornozeleira eletrônica, aguarda o julgamento, sem data marcada. Que a Justiça não falhe — e a impunidade não vença.
Publicado em VEJA de 13 de abril de 2022, edição nº 2784