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Caso Henry: as poucas palavras de Dr. Jairinho à Justiça do Rio

Vereador cassado se recusou a falar durante audiência no 2º Tribunal do Júri fluminense

Por Marina Lang Atualizado em 10 fev 2022, 00h00 - Publicado em 9 fev 2022, 13h54

Vestido com uma camisa branca de mangas compridas do sistema prisional, o ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, passava a mão para ajeitar os cabelos com frequência durante a audiência em que deveria ser ouvido pela primeira vez no 2º Tribunal do Júri fluminense. Também olhou, por diversas vezes, para o grande espelho posicionado à esquerda de sua defesa. Conversava ao pé do ouvido com a advogada Flávia Fróes, que formalmente ingressou na defesa do político, uma união almejada conforme VEJA antecipou em outubro passado. Acusado por tortura e homicídio triplamente qualificado do enteado Henry Borel, de apenas 4 anos, Jairinho aparentava certa confiança, além da preocupação excessiva com a aparência.

A equipe de Jairinho na corte o vestiu com um paletó marrom quando a juíza Elizabeth Machado Louro o convocou para, finalmente, se sentar no púlpito de testemunhas, com quase duas horas de atraso, na manhã desta quarta-feira, 9. Antes disso, a nova falange de criminalistas que o defende pediu para que os jornalistas não acompanhassem seu depoimento a fim de poupar a sua tão desgastada imagem, no que foi atendida. Sob alguns protestos de censura, a magistrada permitiu, então, que a imprensa acompanhasse apenas com bloco de papel e caneta. Todas as câmeras e dispositivos eletrônicos estavam proibidos.

O gesto teatral de cerceamento durou pouco: Jairinho falou por cerca de dez minutos. Trêmula e pastosa, a voz era entrecortada por gaguejos e um tom eventualmente choroso. “Nunca encostei em um fio de cabelo do Henry”, resumiu, acrescentando que só iria falar mediante a câmeras de segurança do Instituto Médico Legal (IML), ao exame toxicológico do menino, às imagens do hospital Barra D’Or – para onde a criança foi levada sem vida -, a um raio-x que teria sido feito, e a três folhas que, supostamente, estariam faltando no prontuário médico de atendimento. “O senhor não vai falar hoje?”, pressionou a juíza que conduz o processo. Após tergiversações, Jairinho finalmente admitiu que não iria. “Tenho que provar a minha inocência e a da Monique também”. Repetiu a frase em duas ocasiões. Em seguida, sem citar nomes dos investigadores da Polícia Civil, desabafou, em tom melancólico: “Eu não sei como alguém bota a cabeça no travesseiro e dorme”.

Resignado, assinou o papel após um pedido insistente da magistrada e deixou a sala de audiências para que a professora Monique Medeiros, mãe de Henry e também ré por homicídio triplamente qualificado, falasse. Por horas, ela explanou, detalhada e cronologicamente, como era sua vida desde antes do nascimento do garotinho até chegar ao breve relacionamento que manteve com o político. Contou que Débora Saraiva, uma das ex-namoradas e amantes que Jairinho, a procurou com prints de chats provando que ambos se relacionavam. Em conversa a três, Jairinho teria, segundo Monique, negado tudo veementemente. “Ali já fui vendo que ele era mulherengo e contraditório”, afirmou. Em seguida, narrou as tentativas de controle por parte do político em relação à sua rotina e com os homens com quem ela se relacionava. Mencionou, inclusive, a contratação de um detetive para vigiá-la, conforme VEJA revelou em abril do ano passado. Por volta das 14h, o depoimento da mãe de Henry foi interrompido para uma pausa de almoço, quando ela começou a dar detalhes sobre como ela e Jairinho foram morar juntos até a morte da criança, dois meses depois, na madrugada de 8 de março.

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