Caso Bernardo: advogado de amiga aponta que morte pode ser sido acidental
Defensor de assistente social alega que a madrasta teria dado uma superdosagem de um remédio para dormir a Bernardo
O advogado da amiga da madrasta de Bernardo Boldrini, morto aos 11 anos, levantou uma nova versão sobre o que pode ter provocado a morte do garoto. Segundo o defensor da assistente social Edelvânia Wirganovicz, Demetryus Eugênio Grapiglia, o menino pode ter recebido uma superdosagem de medicamentos de forma acidental. Grapiglia afirma que o caso não foi arquitetado com antecedência.
A principal linha de investigação da Polícia Civil é que o menino tenha sido morto de forma premeditada pela madrasta, Graciele Ugulini, com a ajuda de Edelvânia. A polícia não apontou ainda qual foi a atuação do pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, na morte.
Segundo o advogado, que defende a tese de morte acidental e pede também a anulação do primeiro depoimento prestado por Edelvânia, a assistente social não teria participado do chamado evento morte. Ela teria ajudado a madrasta a ocultar o cadáver. Segundo relato de Edelvânia ao advogado, Graciele teria exagerado na dose de um sedativo. Ela pretendia que Bernardo apenas ‘dormisse’ por mais tempo.
Saiba mais:
Pai de Bernardo precisaria dividir herança com ele
“A madrasta queria que o menino dormisse a qualquer custo. Acho que [o remédio] não fez efeito. Então, ela aumentou a dose e essa quantidade a mais foi cavalar”, afirmou Grapiglia. O defensor, no entanto, não soube precisar qual medicamento teria sido dado ao garoto.
Segundo ele, a assistente ajudou a ocultar o cadáver porque teria sofrido pressão psicológica da madrasta do menino. A nova versão nega a tese de aplicação de uma injeção letal, investigada pela polícia, e, ao abrir a hipótese de erro na quantidade de medicamentos para dormir, atenua também a suspeita que recai sobre a madrasta, de crime premeditado.
Segundo investigações, Graciele viajou de Três Passos para Frederico Westphalen com o garoto no dia 4 de abril. Na cidade vizinha, procurou Edelvânia. Câmeras captaram imagens das duas saindo com o garoto e voltando sem ele. Em depoimento, a assistente social teria confessado participação e indicou o local onde o corpo foi escondido. Depoimento que o advogado tenta agora anular. No dia 14, a polícia encontrou os restos mortais enterrados em um matagal e prendeu Graciele, Edelvânia e o pai de Bernardo, Leandro. A delegada Caroline Bamberg Machado assegura que os três estão envolvidos na morte.
Relembre o caso – Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, desapareceu em 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos (RS). De acordo com Leandro, de 38 anos, o menino teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugulini, de 32, para comprar uma TV.
Leia também:
Pai e madrasta de Bernardo perdem guarda da filha
Advogado deve levar madrasta a depor sobre morte de Bernardo
De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade e pelos municípios vizinhos de Santa Maria e Passo Fundo.
Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio. Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o pai do menino, a madrasta e a assistente social, que confessou ter participado do crime e colaborou com a identificação do corpo.
Um laudo pericial divulgado na sexta-feira não apontou sinais de terra na traqueia nem nos pulmões de Bernardo, o que afastou a possibilidade de ele ter sido enterrado vivo. Investigadores chegaram a cogitar a hipótese depois que Edelvânia revelou que a madrasta de Bernardo não checou sua pulsação antes de enterrá-lo. Graciele está isolada das demais presas em uma cela de 12 metros quadrados.
(Com Estadão Conteúdo)