Caso Amarildo: MP suspeita de envolvimento do Bope
Imagens periciadas revelam que comboio de elite da PM fluminense esteve na UPP da Rocinha horas depois do crime e saiu com volume envolto em plástico preto na caçamba – corpo do pedreiro nunca foi encontrado
Por Da Redação
22 jun 2015, 21h18
O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga a suspeita de participação de policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no crime de ocultação do cadáver do pedreiro Amarildo de Souza, de 43 anos, desaparecido e morto após tortura na Favela da Rocinha em julho de 2013. Imagens veiculadas nesta segunda-feira pelo Jornal Nacional, da TV Globo, mostraram que quatro viaturas do Bope estiveram na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha na noite do crime, cerca de cinco horas após a morte do pedreiro.
As viaturas teriam ido à UPP para reforço do policiamento por causa de uma suposta ameaça de ataques de traficantes, mas não foram encontrados registros de comunicações entre a cúpula da PM sobre a ação de traficantes naquela noite, tampouco no monitoramento de rádios dos criminosos. Além disso, o Ministério Público diz que policiais militares que trabalhavam na favela foram dispensados. Já na madrugada, pouco depois da meia-noite, as caminhonetes pretas do Bope deixaram a Rocinha pela única estrada que dá acesso à UPP – uma delas estava com o GPS desligado. No caminho de volta, duas viaturas pararam em um ponto cego por cerca de dois minutos.
Uma câmera registrou tanto a chegada quanto a saída das caminhonetes. Só em duas havia PMs na caçamba. Em uma delas, na saída da favela, peritos do Ministério Público identificaram um volume envolto em um material preto, a partir de técnicas de manipulação do contraste da imagem, de alteração de luz e sombra. Na imagem como gravada, não fica clara a presença do volume. A suspeita é que o volume seja o corpo de Amarildo, que nunca foi encontrado.
“A presença do Bope precisa ser esclarecida”, disse ao telejornal a promotora Carmem Eliza Bastos de Carvalho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ela pondera, porém, que ainda não é possível dizer se o volume era ou não o corpo do pedreiro. “Tem um volume compatível com um cadáver ali, mas ainda precisamos investigar.”
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De acordo com a denúncia do Gaeco, Amarildo foi levado à seda da UPP por PMs do local que queriam obter informações sobre traficantes. Ele teria sido submetido a espancamento, descargas elétricas, sufocamento e afogamento em um balde. A denúncia também narra que a vítima foi enrolada em uma capa de motocicleta preta – o que seria compatível com a nova imagem revelada.
Ao todo, 25 PMs respondem pelo crime de tortura seguida de morte, um deles o comandante da UPP à época, major Edson Santos, ex-Bope, além de quatro soldados que participaram diretamente do crime, doze que deram cobertura e oito que estavam dentro dos contêineres da UPP, de onde puderam ouvir os gritos, mas não prestaram socorro. Desses 25, dezesseis também respondem pela ocultação de cadáver.
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