Por André Pontes
As declarações de bens fornecidas pelos candidatos a prefeito e a vereador mostram que a disputa reúne desde concorrentes com patrimônio milionário até quem garante que o único bem que possui é um telefone celular. O Código Eleitoral de 1965 prevê que os candidatos a cargos políticos devem entregar à Justiça Federal um documento com a declaração total de seus bens, sob pena de seu registro de candidatura ser recusado pela Justiça Eleitoral. No registro, disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.gov.br), constam os dados de cada candidato como escolaridade, declaração de bens e ocupação. Segundo o tse, os dados são informados pelos políticos e não passam por investigação de nenhum órgão.
A eleição em Campo Grande (MS), por exemplo, é um retrato da desigualdade entre os candidatos. O petista Pedro Teruel, empresário do ramo da aviação, e o atual prefeito e candidato a reeleição Nelsinho Trad (PMDB) listaram vários bens que resultam em uma patrimônio de mais de R$ 2 milhões cada um. Já o adversário pelo PSOL à prefeitura da cidade, Henrique Martini, informou que tudo o que possui é um telefone celular, avaliado em R$ 800, e a candidata Iara Costa (PMN) garantiu não ter nada para declarar. Na prestação de contas do concorrente pelo PSTU, Suél Ferrantini, alguns itens chamam a atenção: um terço de uma casa de madeira (R$ 4.680,00), um celular pré-pago (R$ 100) e uma bicicleta Caloi ano 1979 (R$ 100,00).
Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o comerciante e candidato a prefeito pelo PRTB, Jesus Alberto Lopes Ribeiro, declarou apenas um Fusca ano 81, no valor de R$ 3.500,00. Postulante ao cargo de prefeita da cidade de São Paulo, Anaí Caproni (PCO), também disse ter apenas um carro. A agente postal afirmou ter um Fiat Uno 1.0 ano 2005, no valor de R$ 20.000,00.
Entre os onze nomes que estão na disputa pela Prefeitura de São Paulo, quatro declararam ter um patrimônio que ultrapassa R$ 1 milhão. O quarteto milionário da capital paulista é composto pelo prefeito e candidato a reeleição Gilberto Kassab (DEM), com cerca de R$ 5 milhões, Marta Suplicy (PT), com R$ 10,4 milhões, o deputado federal Paulo Maluf (PP), com cerca de R$ 40 milhões, e Ciro Moura (PTC), com um patrimônio de R$ 1,7 milhão declarado, que registrou sua coligação com o nome de Tostão Contra o Milhão.
Enquanto uns dizem não ter nada a declarar, o administrador de empresas e candidato à prefeitura de Belo Horizonte pelo PSB, Márcio Lacerda, afirma ser dono de um patrimônio avaliado em cerca de R$ 55 milhões. Lacerda possui cota de um iate clube em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, investimentos bancários, imóveis, barco e uma casa de R$ 3,4 milhões.