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Ascensão dos neonazistas na Grécia reaviva pesadelos do holocausto

Por Por Roland Lloyd Parry
31 Maio 2012, 15h39

Na Grécia, a lembrança dos milhares de judeus exterminados pelos nazistas após a ocupação do país em 1941 permaneceu por muito tempo adormecida, mas a ascensão dos neonazistas nas legislativas de 6 de maio reacende o medo e as antigas memórias entre os sobreviventes.

Isaac Mizan ainda se lembra de ter acordado e olhado a fumaça que saía dos fornos crematórios. Era 1944, e os nazistas queimavam corpos no campo de concentração de Auschwitz.

“Perdi o sono quando os vi entrar no Parlamento”, disse Mizan, de 85 anos, à AFP. Mizan foi deportado aos 16 anos de sua cidade natal, Arta, no oeste da Grécia, junto com seus pais e três irmãs, das quais apenas uma sobreviveria.

Com 6,8% dos votos, o Chryssi Avghi (Amanhecer Dourado) tem atualmente 21 membros. Seu chefe, Nikos Mihaloliakos, apresentou teses revisionistas durante uma recente entrevista televisionada.

Com isso, alguns dos raros sobreviventes gregos do holocausto decidiram lançar uma contraofensiva, com um encontro organizado na terça-feira à noite em um anfiteatro da Universidade de Atenas, uma iniciativa do professor de história alemão Hagen Fleischer.

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Cerca de 400 pessoas ouviram o depoimento de Mizan e de outros quatro sobreviventes.

As pesquisas do Conselho judeu da Grécia revelaram a existência de 67.151 vítimas, ou seja, 86% da comunidade pré-guerra, 56.000 delas no grande porto de Salônica, antes conhecida como a “Jerusalém dos Bálcãs”.

O Chryssi Avghi baseou seu crescimento político na denúncia da austeridade imposta ao país, mas também nas tensões geradas pela imigração descontrolada procedente da Turquia. Além disso, o partido se aproveitou do total esquecimento do terror do holocausto.

O extermínio dos gregos judeus apareceu nos últimos anos apenas nos livros escolares de história. O drama vivido na Europa e na Grécia “é mencionado, mas sem muita insistência”, segundo Manos Roditakis, de 20 anos, estudante de Matemática.

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O líder do partido neonazista aproveitou a situação para fala dele: “Não usei crematórios, nem câmaras de gás, é mentira”, afirmou Mihaloliakos na televisão, garantindo ter “lido muitos livros que põem em dúvida a cifra de seis milhões de judeus” exterminados pelos nazistas.

“Auschwitz, o que é Auschwitz? Nunca fui lá. O que ocorreu lá? Vocês estavam presentes?”, dizia o líder nazista, fingindo estar se interrogando.

Mizan esteve lá. No evento de terça-feira, levantou a manga esquerda de seu casaco para mostrar o número que os nazistas tatuaram em sua pele em sua chegada ao campo: 182641.

“Não devemos esquecer, a serpente sempre está pronta para sair do ovo”, afirma.

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De acordo com as pesquisas de intenção de voto, a formação neonazista perderá votos nas novas eleições legislativas de 17 de junho, depois do fracasso registrado na tentativa de formação de um governo após as eleições de 6 de maio. Entretanto, o Amanhecer Dourado deve permanecer no Parlamento, ao superar os 3% de votos exigidos em nível nacional.

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