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Arruda se faz de vítima, critica petistas e afirma que pode deixar vida política

Ex-governador se comparou a um perseguido da ditadura e afirmou que sua saída da corrida eleitoral pode provocar “fragilidades graves” à vida institucional do país

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 set 2014, 18h18

O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR), que renunciou neste sábado à candidatura ao governo, atribuiu ao “tapetão do PT” suas seguidas derrotas na Justiça, se comparou a um perseguido da ditadura e, em tom de vítima, afirmou que sua saída da corrida eleitoral pode trazer “fragilidades graves” à vida institucional do país. Em discurso para a militância, Arruda disse que, com a desistência de concorrer nas eleições, pode deixar definitivamente a vida pública.

“Vai ser uma campanha para entrar na história da política brasileira, uma campanha de 20 dias e 20 noites. Todo mundo está proibido de parar para dormir. Eu vou para a rua com vocês, vamos de casa em casa. E vejam bem, petistas, vocês vão sair correndo de Brasília”, disse. Atualmente, o DF é governado pelo petista Agnelo Queiroz, que, ao mesmo tempo em que ocupa a segunda colocação nas pesquisas eleitorais, amarga altos índices de rejeição. A liderança nas pesquisas era de Arruda, mas sua candidatura foi barrada na Justiça porque ele se enquadra no rol dos fichas sujas.

“Não sei se o ato de iniquidade que se pratica contra mim não deixa fragilidades graves na vida institucional do país. Ele pode estar destruindo um dos pilares fundamentais da construção do Estado democrático de direito e das liberdades políticas no país”, disse ele, ao lado de outras figuras políticas do DF envolvidas em notórios episódios de corrupção, como o ex-senador Luiz Estevão e o ex-governador Joaquim Roriz.

Arruda (PR) renunciou a sua candidatura ao Palácio do Buriti faltando menos de 48 horas para o fim do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para a troca dos nomes que serão apresentados nas urnas. O desfecho demorou a ocorrer porque faltava decidir a nova composição da chapa. O desempenho pífio do senador Gim Argello (PTB-DF) nas pesquisas de intenção de votos – ele é candidato à reeleição para o parlamento – inviabilizou seu nome. Com isso, o novo candidato será o ex-deputado Jofran Frejat, antes candidato a vice, secundado pela mulher de Arruda, Flávia Peres, ex-garota do tempo da Band.

Não é novidade no Distrito Federal que um candidato ficha suja entregue a sua mulher a tarefa de representá-lo numa eleição. Em 2010, faltando um mês para as eleições, o ex-governador Joaquim Roriz, que estava na iminência de ter a candidatura barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), colocou a dona de casa e esposa Weslian como cabeça de chapa. Weslian, que terminou na segunda colocação, atrás do atual governador Agnelo Queiroz (PT), entrou para o anedotário político ao dizer, em um ato falho, que iria “defender toda essa corrupção que está aí”.

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Um grande projeto político – Discursando para os correligionários, Arruda disse que lutou o quanto pode. “Eu disse que ia até o fim. Perdi Tribunal Regional Eleitoral e recorri. Fomos ao Tribunal Superior Eleitoral e perdemos. Fomos ao Superior Tribunal de Justiça e perdemos. Recorremos, por fim, ao Supremo Tribunal Federal. Eu não desisti, eu não me acovardei”, afirmou o ex-candidato, para quem, aparentemente, todas as instâncias da Justiça nada mais são que um “tapetão”.

Mas não falta realismo a Arruda. “Continuar agora significaria um alto risco do indeferimento definitivo do meu registro e de estarmos todos nós sem ter em quem votar”, disse ele. “Não seria apenas o fim da minha carreira política, mas o fim de um projeto político que é muito maior que eu.”

José Roberto Arruda tem uma carreira singular. Protagonista do escândalo de violação do painel de votações do Senado em 2000, ele chegou a ocupar a tribuna para jurar, chorando, que era inocente. Ao final, renunciou ao mandato de senador, ao lado do cacique Antonio Carlos Magalhães, para evitar a cassação. Num capítulo posterior de sua história, ele apareceu em vídeo embolsando propina do esquema conhecido como mensalão do Democratas no Distrito Federal. Tornou-se o primeiro governador preso no exercício do mandato – por comandar uma operação para tentar subornar o jornalista Edson Sombra.

A operação Caixa de Pandora, deflagrada pela Polícia Federal em 2009, revelou um esquema de desvio de recursos em contratos de governo com empresas de informática e publicidade, cooptação de parlamentares e caixa dois de campanha eleitoral. Segundo o Ministério Público Federal, dependendo do tipo de contrato a ser celebrado com o governo a divisão da propina poderia chegar a 30% para Arruda. Um grande projeto político, de fato.

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