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Arrastão: o pesadelo carioca está de volta

Roubos em sequência, até em áreas mais patrulhadas da cidade, aumentam sensação de insegurança e levam população a pedir mais policiais nas ruas

Por Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
22 out 2010, 19h06

“Desci pouco depois das 6h40 e vi um carro no meio da rua com as portas abertas. Pensei que fosse uma batida, mas logo avistei homens armados partindo para cima de quem passava a pé pela rua. Corri para a Rua Jardim Botânico para me abrigar”, conta o fisioterapeuta Rafael Castro

Por mais que as autoridades de segurança mostrem estatísticas decrescentes de roubos e mortes, a sequência de assaltos no trânsito que o Rio enfrentou nas últimas semanas não deixa dúvida: está de volta o fantasma dos arrastões, e o sentimento constante de que alguém pode fechar a rua e encurralar motoristas e passageiros. O último ataque desse tipo ocorreu por volta das oito e meia da noite de quinta-feira, na Rua 24 de Maio, no bairro do Sampaio, na zona norte da cidade. E não há como considerar que tenha sido um assalto comum: em questão de minutos, quatro motocicletas fecharam a pista e ocupantes de pelo menos três carros tiveram de entregar dinheiro, celulares e bolsas.

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, em entrevista ao site de VEJA algumas horas antes do episódio da quinta-feira, tratou de diferenciar roubo de arrastão. “O que temos visto em algumas dessas ações é um roubo, com duas ou três vítimas”, disse o secretário, para quem parte do problema é questão de “nomenclatura”.

Para quem está na rua, no entanto, o nome não importa. E perceber que os criminosos sentem-se à vontade para fechar ruas mesmo nas áreas mais policiadas da cidade atinge diretamente a sensação de segurança na cidade. É essa a percepção de quem assistiu, no último dia 29 de setembro, à ação de criminosos na Rua Faro, no Jardim Botânico, zona sul. O fisioterapeuta Rafael Castro, 32 anos, cresceu no bairro e considera a região segura. Mas ficou assustado quando deixou a portaria do prédio onde mora e presenciou a ação dos bandidos naquela manhã.

“Desci pouco depois das 6h40 e vi um carro no meio da rua com as portas abertas. Pensei que fosse uma batida, mas logo avistei homens armados partindo para cima de quem passava a pé pela rua. Corri para a Rua Jardim Botânico para me abrigar”, lembra Rafael. “Dias depois, em Laranjeiras, meu irmão teve sua quinta moto levada por bandidos no Rio. Acredito que parte do problema seja a falta de policiais na rua”, afirma.

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Também foi pela manhã que o empresário J., de 23 anos, foi atacado próximo à subida do Elevado Paulo de Frontin, na zona norte. Pouco antes das 7h do último dia 6, quando estava com a mulher grávida de dois meses no carro, esperando um funcionário, ele foi rendido por dois homens com pistolas. “Levaram o carro para fechar o elevado e atacaram outras três vítimas”, lembra o empresário. O veículo, com câmbio automático, foi usado para parar o trânsito no viaduto e acabou sendo abandonado pelos bandidos, que não conseguiram dar a partida por terem pouca prática com o câmbio automático.

“Considero que em parte estava na hora e no lugar errados. Mas certamente com mais policiamento esse tipo de coisa não aconteceria com tanta facilidade. A Rua São Francisco Xavier, onde fui atacado, tem muitos roubos e praticamente nenhum policiamento”, avalia J.

Responsável pela coordenação do patrulhamento na região do Méier, onde aconteceu o arrastão da noite da última quinta-feira, o major da PM Marcus Goeth considera que ação foi “atípica”, e lembra que no primeiro semestre a redução nos roubos nessa região foi de 50%, em relação a 2009. Goeth, no entanto, também concorda com a necessidade de aumentar o policiamento nas ruas.

O secretário Beltrame rejeita a relação entre as UPPs, que reduzem a venda de drogas e o faturamento dos bandidos nas favelas, e o aumento do crime no ‘asfalto’. “Nós não vamos deixar de construir UPPs porque tem assaltos na rua. Os crimes diminuiram lá em cima e vão ter que diminuir aqui embaixo também. Essa é a nossa meta”, disse.

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