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Área de garimpo na Amazônia cresceu quase uma cidade de Curitiba em 2022

Terras indígenas foram alvo da maior parte da exploração, segundo novo relatório para a atividade do MapBiomas

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 set 2023, 15h29

Foram inúmeras as vezes que, no ano passado, o povo Yanomami veio a público denunciar que os peixes de suas reservas estavam contaminados por mercúrio, material tóxico, usado por garimpeiros para separar o ouro dos demais sedimentos. Se de um lado, combatiam bravamente a invasão em suas terras, de outro, expunham o tamanho da violência que as aldeias sofriam. Abuso sexual, estupro e assassinatos foram alguns dos crimes relatados. O motivo de tanta violência e desolação foi provocado pelo crescimento acelerado do garimpo, principalmente na Amazônia. No país, a área tomada pela atividade cresceu 35 mil hectares, o equivalente a uma cidade de Curitiba, mas quase toda essa extensão (92%) está na Amazônia.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22), pelo MapBiomas, entidade sem fins lucrativos que monitora a cobertura natural do território nacional assim como seu uso. O balanço chega em boa hora, uma vez que o Projeto de Lei (PL) 191/20, que viabiliza a exploração da atividade em terra indígena, deve ser votada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na semana que vem. Atualmente a prática é proibida na região. O PL é uma forma de legalizar o trabalho ilegal de empresas clandestinas que se instalaram e cresceram ali durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o relatório, 40,7% da área garipada no estado do Amazonas surgiu nos últimos cinco anos. Em 2022, a exploração em terras indígenas subiu em 265%. Um dado que deixa evidente as vistas grossas feita pelo Governo no período.

Os principais alvos foram os Parques Nacionais do Jamanxin, do Rio Novo e da Amazônia, no Pará; na Estação Ecológica Juami Jupurá, no Amazonas, e na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. As imagens históricas de satélite mostram que as três primeiras são garimpadas há mais de 20 anos, porém tiveram um crescimento mais significativo na última década. Mas toda a área garimpada na Esec Juami Jupurá, segundo os especialistas, tem menos de cinco anos. “Surpreende que ano após ano ainda subsistam”, César Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração, do MapBiomas. “Fica evidente o apoio econômico e político à atividade, sem os quais não sobreviveriam, uma vez que estão em áreas onde o garimpo é proibido.”

Vale lembrar que são muitos os prejuízos que o garimpo acarreta ao meio ambiente, como assoreamento dos rios e alterações no seu leito, turbidez das águas, poluição dos solos, contaminação dos solos e das águas. Trata-se de uma atividade econômica que deixa grandes cicatrizes. Exemplo, disso é Serra Pelada, considerado o maior garimpo do Brasil, cuja exploração atingiu o auge entre 1980 e 1983. Localizado na Serra dos Carajás, no Pará, o local é uma grande cratera de 24 mil m2, com água poluída por mercúrio. As imagens de satélite mostram que as bacias mais afetadas pela atividade garimpeira atualmente são Tapajós, Teles Pires, Jamanxim, Xingu e Amazonas. Juntas elas representam 66% da área garimpada do país.

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