A ira de Lira com um ministro e a ‘profecia’ de um cacique do Centrão
Presidente da Câmara ficou possesso após ministro empenhar valores do antigo orçamento secreto em bases eleitorais
O deputado Arthur Lira (PP-AL) mantém na sua antessala um técnico especializado no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), ferramenta que tem por finalidade realizar todo o processamento, controle e execução financeira do governo federal. Sua missão é acompanhar diariamente o que acontece na Esplanada. Foi ele quem levantou os quase 200 milhões de reais enviados pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para 7 cidades do Mato Grosso, o que provocou a ira de Lira. O valor equivale a quase metade do extinto orçamento secreto.
O chamado orçamento secreto foi proibido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fim de 2022. Tratava-se de um instrumento orçamentário por meio do qual parlamentares indicavam recursos da União a seus redutos eleitorais sem serem identificados e de forma desigual. A forma de repasse foi convertida em emendas individuais, onde os congressistas recebem o mesmo valor e há transparência quanto à destinação do recurso e à autoria da indicação, e em caixa dos ministérios, que pode alocar esses recursos de forma discricionária. “O Arthur já se indispôs com quase a Esplanada toda e está colecionando desafetos. Daqui há um ano será o novo Eduardo Cunha“ , diz um cacique do Centrão.
A referência é ao ex-presidente da Câmara, que liderou o impecahment da ex-presidente Dilma Rousseff, parecia intocável até então, mas terminou a carreira política às mínguas, sendo inclusive preso. O mandato de Lira como presidente da Câmara vai até 2024.