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A indicação polêmica de Bolsonaro para a embaixada em Israel

O presidente traz a relação Brasil-Israel novamente aos holofotes ao escolher um coronel da reserva que trabalha para uma empresa israelense

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 13 dez 2019, 10h36 - Publicado em 13 dez 2019, 06h00

O presidente não tem sido muito diplomático na indicação de embaixadores. Primeiro, tentou emplacar o filho Eduardo Bolsonaro em Washington. Lançou a candidatura do Zero Três em julho e, três meses depois, recuou. Agora, provocou outra polêmica na área com a indicação de um coronel da reserva para a representação brasileira em Israel. Militar que não chegou ao topo da carreira antes da aposentadoria, Paulo Jorge de Nápolis trabalha há dois anos como funcionário da Israel Aerospace Industries (IAI), fabricante de caças e aeronaves civis. O conflito ético evidente causou novos arrepios nos corredores do Itamaraty. Se a ideia se concretizar, caberá a um ex-fardado substituir o embaixador de carreira Paulo César de Vasconcellos, que preparou a visita de Jair Bolsonaro a Israel em abril deste ano. Nápolis seria também o homem encarregado de fazer a mudança da embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém até o fim do mandato do capitão, conforme a promessa de campanha. O episódio rendeu represálias dos países árabes e foi resolvido com o recuo tático temporário do Planalto.

Bolsonaro justificou sua indicação para Israel destacando o que considera um ponto importante do currículo de Nápolis. “Ele foi adido militar por três anos lá”, afirmou o presidente, tomando a cautela de não dar o caso por encerrado. “O coronel está no radar. Não quer dizer que seja ele.” De fato, Nápolis serviu de adido militar entre 2013 e 2015 em Tel-Aviv e, depois, foi o oficial de contato entre o Estado-Maior do Exército e todos os adidos brasileiros no exterior e os estrangeiros em Brasília. Procurados por VEJA, Nápolis e o Itamaraty preferiram não se pronunciar sobre a indicação. A experiência em facilitar os contatos entre as áreas militares dos dois países, porém, está distante dos requisitos necessários para um embaixador, que trata das relações diplomáticas no mais alto nível.

A escolha de embaixadores, inclusive dos que não seguiram a carreira diplomática, é prerrogativa do chefe de Estado. Nos Estados Unidos, não é incomum o presidente nomear como embaixador um generoso financiador de sua campanha com brilho nos olhos por causa das oportunidades de negócios no país escolhido. No Brasil, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva acomodaram aliados políticos em países como Portugal e Cuba sem provocar ruídos. Durante a ditadura militar, generais foram ao exterior para comandar embaixadas. A escolha de Nápolis remete a esse passado. Caberá ao Senado o poder de vetar ou não a decisão. No episódio de Eduardo Bolsonaro, o saldo miúdo de votos a favor no plenário da Casa fez o governo parar o processo e refletir melhor. Seria bom que ocorresse o mesmo com o caso do futuro embaixador que tem interesses comerciais no país estrangeiro onde vai representar o Brasil.

Publicado em VEJA de 18 de dezembro de 2019, edição nº 2665

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