‘O Último Lance’: belo drama finlandês sobre o mundo da arte
Klaus Härö dirige em timbre trágico, e ressonante, esta história sobre sonhos falidos e que fala das conexões que a arte por vezes é capaz de suscitar
(Tuntematon Mestari, Finlândia, 2018. Já em cartaz no país) Com sua silhueta alta e magra e seu rosto cavado, de olhar desolado (além de seu talento), o ator Heikki Nousiainen é a encarnação ideal de seu personagem neste drama: o septuagenário Olavi, um marchand cuja galeria está prestes a naufragar e que, mesmo em seus melhores dias, não foi um ponto concorrido — é o que se presume pela quantidade de quadros encostados há anos. Olavi sonha arrematar em leilão alguma obra que dê novo fôlego ao seu negócio. Ela vem na forma de um óleo sem título, de autor anônimo — que, entretanto, o marchand supõe ser de Ilya Repin (1844-1930), o maior retratista e artista realista russo do século XIX. Olavi persegue o quadro com desespero; e, graças a ele, inesperadamente forma um vínculo tardio com sua filha e seu neto. O finlandês Klaus Härö dirige em timbre trágico, e profundamente ressonante, esta história sobre sonhos falidos e que fala das conexões extraordinárias que a arte por vezes é capaz de suscitar — um aspecto sobre o qual o tema do quadro de Repin, um mistério para Olavi e seu neto, afinal terá muito a dizer.