Estrela do trip-hop, Beth Gibbons faz bela estreia na seara erudita
Cantora do Portishead atua como solista na execução da Terceira Sinfonia de Henryk Górecki com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio da Polônia
(Domino; disponível nas plataformas de streaming) Os vocais da inglesa Beth Gibbons são carregados de tanta dramaticidade que ela já foi classificada como uma mistura da jazzista Billie Holiday com Siouxsie Sioux, musa da vertente mais dark do pós-punk inglês. À frente da dupla Portishead, Beth consagrou-se em um gênero que une batidas dançantes e melodias melancólicas, o trip-hop. Nesta estreia na seara erudita, Beth atua como solista na execução da sinfonia de Henryk Górecki (1933-2010) por uma orquestra do país do compositor, a Polônia. Lançada originalmente em 1976, a peça destoa dos ditames da escola atonal, que dominou boa parte da música no século XX. É uma criação tão etérea e hipnotizante que foi adotada pelos fãs da chamada ambient music. Conhecida também como Sinfonia das Tristezas, a obra de Górecki tem três textos cantados em polonês. Os versos falam de uma mãe que perde o filho, de uma prisioneira de campo de concentração na II Guerra e da Virgem Maria diante do Cristo crucificado. A voz de Beth consegue transmitir toda a agonia das palavras escolhidas por Górecki para sua belíssima sinfonia.