‘A Odisseia’ retrata energia e inconsequência de Jacques Cousteau
Visual do longa de Jérôme Salle é o ponto alto, com belíssimas imagens do fundo do mar
(L’odyssée, França/Bélgica, 2016. Já em cartaz no país) Para algumas gerações — aquelas que nas décadas de 70 e 80 assistiam ao Fantástico todos os domingos —, o francês Jacques Cousteau foi não apenas sinônimo de exploração submarina, mas seu pioneiro mais notável e o grande difusor do conhecimento sobre os mares. Ex-piloto de avião, ex-oficial naval e cientista, Cousteau (1910-1997) foi coinventor do aqualung, o conjunto de máscara e tanque de oxigênio que pela primeira vez permitiu mergulhos prolongados. Foi também o primeiro a ter a ideia de, com câmeras especialmente vedadas, filmar essas jornadas submarinas como se fossem enredos e então exibi-las nos cinemas (ganhou uma Palma de Ouro em Cannes em 1956 pelo documentário O Mundo Silencioso) — e, em outra ideia desbravadora, na televisão, na qual virou celebridade a partir de meados dos anos 60. O filme do diretor Jérôme Salle recupera o modo quase acidental como Cousteau (vivido por Lambert Wilson) lançou sua carreira a bordo do navio Calypso e detalha seu temperamento mercurial — a energia e a iniciativa e também a mania de grandeza, a inconsequência financeira, as constantes traições à mulher (Audrey Tautou) e o relacionamento tumultuado com o filho preferido, Philippe (Pierre Niney). O visual, claro, é o ponto alto, com belíssimas imagens do fundo do mar.