“Carnaval é resistência”
Autor do desfile campeão carioca, Leandro Vieira, de 35 anos, diz que comanda a Mangueira ‘com mãos de ferro’ e fala do enredo afiado na crítica social
Autor do desfile campeão carioca, Leandro Vieira, de 35 anos, diz que comanda a Mangueira “com mãos de ferro”. Está lá há quatro carnavais e já tinha vencido em 2016. Na entrevista ao editor Fernando Molica, ele fala do enredo afiado na crítica social e se define: “Sou um folião”.
A Mangueira mereceu o título? A escola correspondeu à expectativa, sim. A mensagem foi bem entendida.
O senhor teve peso na escolha do samba-enredo? Fiz força para que fosse o escolhido. Ele diz tudo com clareza, é papo reto.
A escola fez caricatura de personagens históricos. Foi também decisão sua? Foi. Nada no desfile da Mangueira é sem intenção. Dei contorno épico aos heróis índios e negros e fiz caricatura de figuras consagradas. Encaro o Carnaval como uma forma de resistência alegre.
Muita gente estranhou que a família de Marielle Franco não tivesse desfilado em um enredo que homenageava a vereadora, mas em outra escola. Qual foi a razão? A Vila Isabel convidou os parentes da Marielle antes, e não me senti no direito de interferir. Como a Monica (Benicio, a viúva) não tinha sido chamada, fiz isso.
Quais as características de seu Carnaval? Sou obcecado pela cultura brasileira e supercrítico. Nossa vitória é também um recado para o presidente. Carnaval é cultura popular, não aquilo que ele acha que é.
Publicado em VEJA de 13 de março de 2019, edição nº 2625
Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br