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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Os 230 cúmplices

Votação no Congresso dividiu deputados entre os que defendem a democracia e os que querem Bolsonaro para sempre

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 ago 2021, 09h59 - Publicado em 11 ago 2021, 09h38

A votação da Câmara dos Deputados que enterrou a proposta de impressão do voto eletrônico é um risco de peixeira no chão na democracia. O Brasil tem 218 deputados que defendem que o seu voto valha igual aos dos demais brasileiros e 230 (os 229 votantes mais o presidente Arthur Lira) que acham tudo bem o presidente Jair Bolsonaro arranjar um pretexto para um autogolpe em 2022 para se manter no poder como ditador. Não existia meio-termo.

Faltaram 79 votos para Bolsonaro ganhar o pretexto para a quartelada do ano que vem, embora fosse improvável que o Senado se deixasse levar tão barato quanto o varejo dos deputados federais. Mas se houvesse vencido na Câmara, Bolsonaro teria condições políticas para usar as Forças Armadas e as Polícias Militares para, sob pretexto de supostas fraudes, interferir nas eleições, com prisões e intimidações de adversários. O Brasil nunca esteve tão perto de um rompimento institucional desde o fim do regime militar.

Nenhum deputado que votou a favor do pretexto para o autogolpe o fez por ingenuidade ou por achar que a sociedade se beneficiaria de mais transparência na contagem dos votos. Isso é conversa fiada. Quando um desavisado dizia que algum deputado era ingênuo ou estúpido, o velho Antonio Carlos Magalhães ensinava que “o mais burro do Congresso amarra o nó do sapato calçando luvas de boxe”. Os que votaram a favor da emenda bolsonarista ou confiaram nas promessas do Planalto de liberação de emendas ou não acreditam na democracia. E isso inclui, ironicamente, parlamentares de partidos da oposição, como os 11 deputados do PSB e 6 do PDT. São a lata de lixo da história.

Mesmo perdendo, Bolsonaro ganhou com o debate. Nas últimas duas semanas, ao invés de se preocupar com fatos realmente importantes como a possibilidade de chegada ao Brasil da variante delta do coronavírus e a falta de vacinas, o país foi tomado pela histeria bolsonarista de que a eleição de 2022 só vai valer se ele ganhar. Até a Marinha, a força mais equilibrada politicamente, se viu arrastada para o pântano bolsonarista com o patético desfile de tanques de guerra em frente à Esplanada dos Ministério horas antes da votação.

É tolice supor que Bolsonaro vai parar só porque a emenda foi derrotada no plenário. Ele abriu uma fenda dentro do Congresso e vai usá-la para seguir desacreditando a Justiça eleitoral. Agora, com 230 cúmplices.

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