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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O presidente que sequestrou o país

A agenda do Brasil virou refém dos instintos ditatoriais de Bolsonaro

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 ago 2021, 12h07

Executivos das todas-poderosas Fiesp e Febraban, respectivamente a federação das indústrias e dos bancos, pretendiam lançar nesta semana um manifesto pedindo “harmonia entre os poderes”, um eufemismo para dizer que as ameaças do presidente Jair Bolsonaro geram instabilidade e são ruins para os negócios. Os empresários foram convencidos a edulcorar o texto e só lançá-lo depois do 7 de Setembro, quando Bolsonaro pretende reunir milhões de brasileiros a favor de um golpe contra o Supremo Tribunal Federal.

Amanhã, o governo é obrigado a enviar o projeto de Orçamento de 2022, mas será uma peça de ficção. O item mais importante é a brecha jurídica negociada pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal de Contas da União para permitir o calote no pagamento das dívidas judiciais do governo (os precatórios). Dependendo do tamanho do calote, o governo terá ou menos dinheiro para o novo Bolsa Família e distribuição de emendas para os parlamentares. O martelo só deve ser batido depois do Sete de Setembro.

Nesta semana, o STF deveria concluir o julgamento sobre o marco temporal indígena, a tese de que as etnias só podem ter direito a demarcações de terras ocupadas antes da Constituição de 1988. Bolsonaro já avisou que se o STF decidir a favor dos indígenas, ele não vai cumprir e anunciar seu motim nos protestos do Sete de Setembro.

Também nessa semana deveria iniciar no Senado o processo de sabatina do indicado de Bolsonaro para o STF, André Mendonça. Não vai acontecer nada até o 7 de Setembro.

O Ministério das Minas e Energia está atrasado em lançar uma campanha pedindo a redução do uso de energia, já que com a seca e a queda no nível dos reservatórios é quase certo que o País sofrerá apagões pontuais a partir de novembro. Mas nada será feito até o Sete de Setembro.

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Os atos de Sete de Setembro têm apenas uma finalidade: mostrar a força popular de Bolsonaro, como se 1 ou 2 ou 5 milhões de brasileiros nas ruas lhe desse a autoridade para intimidar o STF. É um ensaio para o autogolpe que Bolsonaro planeja para 2022, igual o que Donald Trump tentou e fracassou nos EUA.

Este governo tem um ministro da Economia conivente com a inflação de 9%, um ministro do Meio Ambiente que incentiva garimpeiros, um ministro da Educação que é contra educação de crianças com necessidades, um ministro da Defesa que se acha especialistas em direito eleitoral, ministro da Saúde que tenta desbaratar uma gangue que negociava propina na encomenda de vacinas e um procurador geral que não vê nada, não fala nada e não diz nada.

Essa agenda desprezível de Bolsonaro sequestrou o Brasil. O país está parado, com a respiração presa, esperando saber se depois do 7 de Setembro o presidente vai apressar ou recuar no plano do autogolpe. Bolsonaro colocou uma arma na cabeça do país.

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