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Por Fernanda Furquim
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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‘Os Monkees’ deixaram sua marca na história da televisão

Esta semana a geração baby boomer foi surpreendida com a notícia da morte de Davy Jones, ex-integrante do grupo musical Os Monkees, que também era uma sitcom musical na década de 1960. Aos 66 anos de idade, sem apresentar qualquer problema de saúde (que tenha sido divulgado), Jones faleceu vítima de um ataque cardíaco fulminante. […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 09h24 - Publicado em 3 mar 2012, 18h49

Esta semana a geração baby boomer foi surpreendida com a notícia da morte de Davy Jones, ex-integrante do grupo musical Os Monkees, que também era uma sitcom musical na década de 1960.

Aos 66 anos de idade, sem apresentar qualquer problema de saúde (que tenha sido divulgado), Jones faleceu vítima de um ataque cardíaco fulminante.

Segundo familiares e amigos, Jones era vegetariano, não fumava e bebia apenas socialmente. Praticando equitação e mantendo uma vida ativa, ninguém imaginava que o mais jovem dos integrantes do grupo seria o primeiro a partir.

Os Monkees foi um grupo fabricado pela indústria de entretenimento. Reunindo quatro jovens com interesses e personalidades distintas, a Columbia produziu a série e o grupo que, em paralelo aos episódios que estrelava na TV, também fazia turnês pelo mundo. Por curiosidade, em 1967, o desconhecido Jimi Hendrix fez abertura de um dos shows do grupo. Com boa parte de seu repertório composto por terceiros, eles enfrentaram duras críticas na época.

Os Monkees surgiram na esteira do sucesso do grupo inglês The Beatles, levando para a TV seu estilo nonsense e a linguagem de videoclipe criada pelo grupo britânico no cinema.

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Em uma época em que despontavam músicos como Jim Morrison, Janes Joplin, Rolling Stones e The Who, entre outros, Os Monkees era considerada uma banda água com açúcar, que perpetuava o estilo musical da década anterior, para adolescente ouvir. Com o tempo, o valor do grupo foi reavaliado pela indústria do entretenimento. As reprises dos episódios da série e a presença ininterrupta do grupo no mundo musical influenciou o surgimento de outros grupos, muitos dos quais regravaram várias de suas canções. Enquanto isso, os adolescentes que os transformaram em ídolos cresceram e mantiveram vivo o interesse pelos integrantes da banda, que ainda se apresentava em shows pelos EUA, Canadá e Reino Unido.

O próprio Davy Jones estava com diversos shows agendados para os próximos meses, quando veio a falecer. Segundo o NME, o acesso ao site Spotify, especializado em streamings de músicas, elevou em cerca de 3.000% no dia seguinte ao anúncio da morte de Jones, para as músicas do grupo.

Na TV, a série ainda não conquistou o mesmo reconhecimento, embora tenha sido responsável por explorar neste veículo um estilo estético e narrativo que seria mais tarde reaproveitado por outras produções ao longo dos anos.

Produzida entre 1966 e 1968, com um total de 58 episódios, a série rompeu com a narrativa tradicional e formatada das sitcoms, oferecendo histórias que, apoiando-se na contracultura da época, adaptava e parodiava gêneros, algumas vezes misturando-os, rompia com a quarta parede, explorava, ironizava e distorcia os clichês e mesclava a ficção com a realidade ao oferecer no meio ou no fim de uma história os bastidores de produção.

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É válido lembrar que outras produções televisivas antes dela chegaram a oferecer esses mesmos elementos em episódios soltos ou em menor intensidade. Entre elas Batman, que estreou meses antes de Os Monkees. Adotando a linguagem psicodélica, a série parodiava as histórias de super-heróis.

As histórias apresentadas pela série eram simples, embora narradas de uma forma considerada até hoje como esquisita. Um grupo de jovens músicos luta para se estabelecer profissionalmente. Sempre em busca de trabalho, vivendo com pouco dinheiro, eles tentam fazer parte da sociedade em que estão inseridos, sem perder de vista suas opiniões e conceitos.

Apoiando-se no humor irônico e sarcástico (para a época), utilizando-o para levantar questões morais e existenciais, a série se apoiava em duas linhas de frente. Em uma delas, os personagens lutavam constantemente contra a máquina imposta pelo sistema social que predominava na época, a qual determinava como o mundo deveria ser e agir, de forma que pudesse ser explorado.

Nestas histórias, o grupo buscava sempre se adaptar às regras impostas, mas logo percebiam que, além de injustas, existiam apenas para dar lucro à ganância e à sede de poder de uma sociedade que não desejava mudar. Geralmente as histórias terminavam com o quarteto ‘implodindo’ o lugar e destruindo o sistema que o regia. Nessa linha, vemos episódios nos quais eles se envolvem com empresários, soberanos de países estrangeiros, milionários, produtores de cinema, de TV, proprietários de gravadoras, vendedores e comerciantes, etc.

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A segunda linha de histórias apresentada pela série era mais familiar. Nela, o quarteto costumava se envolver com garotas de família, super protegidas pelos pais, que não confiavam nos jovens cabeludos e arruaceiros.

Nesses episódios, eles tentavam mostrar que, apesar das aparências e das opiniões já formadas pela geração mais velha, eles eram pessoas iguais aos seus pais, apenas com o desejo de ir mais além do que eles foram, fazendo uso de sua liberdade de escolha.

Diferentemente das histórias que abordavam as questões sociais, políticas e econômicas, nas tramas que tinham a ver com a família, o grupo mantinha respeito pela geração mais velha, trunfo que costumava conquistar os pais.

Parodiando as convenções da televisão, ao mesmo tempo em que necessitava dela para passar sua mensagem, a série explorou diversos gêneros e estilos: faroeste, máfia, contos de fada, terror, espionagem, filmes de pirata,  filmes de praia (muito populares nos anos de 1960), mil e uma noites, suspense, ficção científica, super-heróis, filmes de boxe, circo, moda, orientais, latinos, documental, jurídico, rurais (conhecidos como caipiras),  filmes de motocicletas, sobrenatural, natalino, corridas automobilística e programas infantis, além das histórias ditas normais. Lembrando, é claro, que Os Monkees era uma série musical, que explorou a linguagem do videoclipe na TV muito antes da MTV surgir na década de 1980.

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Em geral, as cenas musicais vistas na televisão eram em programas de variedades, muitos dos quais costumavam ser ao vivo. Desta forma eles seguiam, normalmente, a linha do teatro musical, com poucos recursos de câmera, ou de shows nos quais temos o cantor ou a banda apresentando-se diante de um microfone, com seu violão ou piano, ou sem nenhum instrumento.

Em Os Monkees, vemos dois estilos de clipes. Aqueles que trazem imagens montadas para narrar o desenvolvimento da história proposta pelo episódio, e aqueles com imagens desconexas que acompanhavam a letra da música. As histórias eram acompanhadas de um visual psicodélico e de um figurino que adotava o estilo hippie, algo considerado uma afronta.

Na vida real, o grupo representava tudo aquilo contra o qual os personagens lutavam ou pregavam ser contra. Fabricado por uma gravadora com o objetivo de explorar um tipo de público e gerar lucro, o quarteto estava sob o comando dos interesses dos empresários, algo que incomodava Michael Nesmith.

Ele foi um dos primeiros atores de séries de TV a lutar para ter mais controle criativo sobre a produção. Michael queria poder introduzir suas próprias canções na série e nos shows, algo que chegou a conseguir, mas não da forma significativa que ele esperava.

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As brigas de bastidores levaram ao cancelamento da série e, com o tempo, com o fim do grupo, que se separou. Nas décadas seguintes, quando se reuniam para shows, Michael não se juntava aos demais.

Ao longo dos anos, poucas foram as produções que utilizaram a mesma proposta narrativa explorada pelos Monkees. Na década de 1980, A Gata e o Rato e Parker Lewis chegaram a aproveitar diversos elementos. Muitas das séries infanto-juvenis da Nickelodeon e da Disney também se aproximam da série, entre eles, Big Time Rush, ainda em produção.

Atualmente, podemos dizer que séries como 30 Rock, Community, The Flight of the Conchords, The Sarah Silverman Program, Glee e Arrested Development, entre outras, são os descendentes do estilo narrativo que Os Monkees perpetuou na TV.

Fernanda Furquim: @Fer_Furquim

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