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Por Fernanda Furquim
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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10 Anos de A Sete Palmos

“Six Feet Under” completou 10 anos de sua produção. A série  estreou no dia 3 de junho de 2001 ajudando a estabelecer a HBO, que iniciara a produção de dramas originais em 1997, com “Oz – A Vida é uma Prisão“. Produzida ao longo de cinco temporadas, com um total de 63 episódios, “A Sete […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 11h45 - Publicado em 5 jun 2011, 17h44

“Six Feet Under” completou 10 anos de sua produção. A série  estreou no dia 3 de junho de 2001 ajudando a estabelecer a HBO, que iniciara a produção de dramas originais em 1997, com Oz – A Vida é uma Prisão“. Produzida ao longo de cinco temporadas, com um total de 63 episódios, “A Sete Palmos”  foi uma das séries que melhor contextualizou as questões socioculturais americanas de seu período.

Ela surgiu do interesse da HBO em trabalhar com Alan Ball, roteirista que se tornara conhecido graças ao filme “Beleza Americana”, de 1999, pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original. A confiança do canal no trabalho de Ball garantiu a renovação de “A Sete Palmos” para sua segunda temporada antes mesmo da série estrear. A confiança foi recompensada, visto que a primeira temporada conseguiu registrar a média de 5 milhões de telespectadores, uma das maiores audiências do canal neste período.

A ideia da série surgiu quando Carolyn Strauss, Vice-Presidente de Programação do canal, revelou a Ball que seus filmes favoritos eram aqueles em que a morte era tratada como algo irreverente. Tendo essa referência como base, Ball utilizou sua própria experiência de vida para criar “A Sete Palmos”. Aos 13 anos de idade, Ball e sua irmã, Mary Ann, sofreram um acidente de carro. Vendo sua irmã morrer na sua frente, a vida do futuro roteirista ficaria marcada para sempre.

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Ao apresentar o projeto de “A Sete Palmos” para a HBO, o canal encomendou a produção de 13 episódios para a primeira temporada, sem passar pelo episódio piloto para avaliação.

A série acompanha a vida da família Fisher, proprietária de uma funerária, a qual é mantida no andar térreo e no porão da casa onde vive. Quando o patriarca Nathaniel (Richard Jenkins) morre em um acidente de carro, os demais membros da família passam pelo difícil processo de adaptação e reorganização de suas vidas.

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Trabalhando diariamente com a morte, esta já se tornou uma parte da vida de cada membro da família Fisher. Mas com a perda de Nathaniel, a morte assume um novo significado. Cada um, ao seu modo, é forçado a olhar para dentro de si, reavaliando seus sonhos e seu estilo de vida, com o objetivo de decidir se continuam seguindo o mesmo caminho ou tomam um novo rumo.

O filho mais velho, Nathaniel Jr. (Peter Krause), é forçado a assumir os negócios da família, ao lado de seu irmão, David (Michael C. Hall), um homem metódico, que sofre com o fato de esconder sua homossexualidade. Para ajudá-los, eles contam com o auxílio de Frederico (Freddy Rodriguez), único funcionário da empresa, que atua como embalsamador.

A princípio, a viúva Ruth (Frances Conroy) tenta manter a vida como era antes, mas logo se torna obcecada por resgatar o que ela considera ‘tempo perdido’. Já Claire (Lauren Ambrose), a filha que perdeu sua segurança, passa pelo processo de rebelião e comportamento crítico, típicos dos jovens de sua idade.

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“A Sete Palmos” estreou três meses antes dos ataques do 11 de setembro. Como que prevendo o fato, a série traduziu para a TV os sentimentos de perda da segurança, incredulidade, medo e reavaliação do sentido da vida que surgiriam com os ataques terroristas. Nesse período, a fragilidade da vida humana e a forma como se vive passaram a ser temáticas importantes para os americanos que se tornaram mais introspectivos e questionadores. Essas são temáticas que, de quando em quando, retornam à TV. O mesmo ocorreu quando John Kennedy foi assassinado ou quando a Guerra do Vietnã influenciava a narrativa televisiva.

Embora tenha como base a morte, a série gira em torno da forma como vivemos nossas vidas. A presença de uma funerária dentro da própria casa dos Fisher já revela ao público a ideia de que a morte faz parte da vida; ela está dentro de nós, de várias formas.

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Simbolicamente, “A Sete Palmos” inicia com ‘o ataque terrorista’, ao matar, repentinamente, Nathaniel, que representa a tradicional figura paterna e pilastra da sociedade americana.

A partir daí, a sociedade que gira em torno dele se desestrutura. Incrédula, perde seu rumo e passa a questionar o sentido da vida. Regras precisam ser reescritas, conceitos precisam ser reavaliados, comportamentos precisam ser redefinidos para que a vida faça algum sentido.

“A Sete Palmos” se apóia na introspecção e reavaliação do ser humano. A série traz à tona diversos temas inerentes aos relacionamentos entre casais, entre pais e filhos, entre irmãos, amigos e colegas de trabalho, levando em consideração as opiniões de diferentes gerações e gêneros.

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A trama questiona o materialismo e a espiritualidade, que também se fez presente pelo ponto de vista daqueles que já morreram. Debates ideológicos foram travados, tanto na vida real dos personagens quanto por aqueles que estavam no limbo. Todos esses temas são explorados sem desconsiderar o peso da sociedade na vida do indivíduo e vice-versa.

A série também ajudou os americanos a ‘enterrar’ aqueles que morreram no 11 de setembro. Cada episódio abre com a morte de uma pessoa, geralmente repentina. Em situações dramáticas ou cômicas, ao procurarem a casa funerária dos Fisher, os membros das famílias dos mortos dividem com o público os sentimentos de perda por aqueles desconhecidos. Rapidamente relatando a história daqueles personagens, o processo de embalsamamento do corpo e seu funeral ajudou o país a enterrar aqueles que morreram nos ataques e a lidar melhor com suas perdas.

A produção encerrou em 2005, apresentando um dos mais belos finais da história das séries da TV americana. “A Sete Palmos” inicia e termina com a morte de um membro da família Fisher. Da forma como feito, temos o retrato do princípio e do fim.
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Por Fernanda Furquim: @fer_furquim

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