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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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‘Tenho descendência italiana.’ Será que tem mesmo?

“Eu sempre falei que tenho descendência italiana e sempre todo mundo entendeu, mas outro dia apareceu um para dizer que esse modo de falar é errado. É?” (Luiz Carlos Rossi) Sim, é errado. A dúvida de Luiz Carlos é basicamente a mesma que o leitor Fernando Gontijo trouxe para o consultório em maio de 2011. […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 00h56 - Publicado em 15 jul 2015, 14h19

“Eu sempre falei que tenho descendência italiana e sempre todo mundo entendeu, mas outro dia apareceu um para dizer que esse modo de falar é errado. É?” (Luiz Carlos Rossi)

Sim, é errado. A dúvida de Luiz Carlos é basicamente a mesma que o leitor Fernando Gontijo trouxe para o consultório em maio de 2011. Seu reaparecimento na coluna é natural. Falar em “descendência” quando se quer dizer o oposto, isto é, “ascendência”, é um erro comum entre falantes brasileiros de variados graus de instrução.

Tão comum que talvez pudéssemos supor que um dia acabaria perdoado pelo uso, como ocorre com tantos mal-entendidos linguísticos, não fosse um detalhe: por mais repetido que seja, jamais fará as pazes com a lógica.

Vejamos. Quando uma pessoa afirma ter descendência italiana, o que está dizendo de fato é que gerou descendentes italianos. Embora possa ser esta a intenção, sua escolha de palavras não comunica que seus antepassados tinham a referida nacionalidade.

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O correto, portanto, seria Luiz Carlos dizer que tem “ascendência italiana”. “Ascendência”, linha das gerações que vêm antes de alguém num diagrama familiar, é o oposto de descendência, linha das gerações que vêm depois.

“Ascendência italiana” soa pedante? Um pouco, talvez, em certos contextos. Há formas mais simples de dar o mesmo recado: “Sou descendente de italianos”, por exemplo, ou “Meus antepassados eram italianos”.

E já que mencionamos construções alternativas: tudo indica que o erro teve origem numa delas, “Sou de descendência italiana”. Esta pode ser meio desajeitada, mas tem lógica defensável.

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Ocorre que, se faz sentido um descendente de italianos se incluir em tal linha de descendência (“sou de, pertenço a”), o sentido se perde quando ele declara posse sobre essa linha (“tenho”). Sua própria descendência será aquela formada por seus… descendentes, pois é.

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

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