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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Paisagem vista da janela

“Sol da manhã” (1952), pintura de Edward Hopper A etimologia abre janelas insuspeitadas para o passado. A própria palavra janela, por exemplo, tão banal, nos leva a descortinar uma história antiga – e também um mistério. Houve um tempo, na infância da língua portuguesa, em que essas aberturas no corpo das edificações, destinadas à ventilação […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 06h44 - Publicado em 5 mar 2013, 16h58

“Sol da manhã” (1952), pintura de Edward Hopper

A etimologia abre janelas insuspeitadas para o passado. A própria palavra janela, por exemplo, tão banal, nos leva a descortinar uma história antiga – e também um mistério.

Houve um tempo, na infância da língua portuguesa, em que essas aberturas no corpo das edificações, destinadas à ventilação e à iluminação do ambiente, eram chamadas de fenestra, do latim fenestra, “janela” – a mesma matriz do francês fenêtre e do italiano finestra.

Nossa fenestra acabou caindo em desuso, como também sua irmã espanhola de idêntica grafia. Registrado pela primeira vez no século XIII, o vocábulo janela acabou por lhe tomar o lugar – papel que no espanhol coube a ventana, termo derivado de vento.

Por que o português e o espanhol resolveram mudar o nome da janela, distanciando-se do francês e do italiano? Isso é algo que a paisagem que vemos da janela não nos permite enxergar com clareza. O certo é que, no nosso caso, optamos por uma palavra também oriunda do latim, mas com uma ligeira alteração de sentido.

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Januella era o diminutivo de janua, “entrada de um país; porta, acesso”, o que faz do vocábulo janela – surpresa! – um parente próximo de janeiro. As duas palavras remetem a Jano, deus de duas caras, cada uma voltada para um lado, e por isso a entidade consagrada às entradas e saídas – o deus dos portais.

Só que a janela, como se sabe, não é exatamente uma “portinha de entrada” (januella) nem é concebida para dar “acesso” a ninguém, a não ser em casos extremos como assalto ou esquecimento das chaves. O que torna ainda mais curiosa sua vitória sobre a fenestra.

Uma curiosidade adicional: defenestrada (ou seja, descartada, atirada pela janela) do nosso vocabulário, a fenestra acabou dando um jeito de voltar, transmutada em… fresta, pois é.

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