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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Necas, xongas, lhufas: todos os nomes do nada

Estas são curiosidades etimológicas do gênero obscuro, ainda que autoconfirmatório. O que se sabe sobre a origem de xongas? Bulhufas ou, na versão reduzida, que tem sua expressividade aumentada pela subtração de uma sílaba, lhufas. E vice-versa. Quando registram esses termos populares brasileiros – tecnicamente, pronomes indefinidos, substitutos perfeitos de “nada” – os dicionários costumam […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 11h49 - Publicado em 31 Maio 2011, 10h00

Estas são curiosidades etimológicas do gênero obscuro, ainda que autoconfirmatório. O que se sabe sobre a origem de xongas? Bulhufas ou, na versão reduzida, que tem sua expressividade aumentada pela subtração de uma sílaba, lhufas. E vice-versa. Quando registram esses termos populares brasileiros – tecnicamente, pronomes indefinidos, substitutos perfeitos de “nada” – os dicionários costumam recorrer ao jeitinho da “formação expressiva”, um modo elegante de reconhecer que sobre eles não se sabe… necas de pitibiribas.

A formação expressiva, quase sempre puxada para o cômico, é aquela em que o som pula na frente do sentido e o leva de arrasto. Uma palavra assim formada não tem, portanto, raízes etimológicas que possam ser pesquisadas. Ou, se as tem, disfarça tão bem que qualquer tese parece chute. Bulhufas teria algo a ver com o latim bulla, “bolha” – que quando é de sabão, como se sabe, assemelha-se a um redondo nada? Xongas, como seu sinônimo picas, teria origem num palavrão? Hmm, quem sabe?

Palavras expressivas costumam ser difíceis de agarrar porque nascem do improviso, da veia poética do povo. E como são fenômenos orais, informais, que passam um longo tempo circulando na língua das ruas antes que alguém tome coragem para lançá-los no papel, até sua datação fica comprometida. Normalmente rigoroso com datas, o Houaiss não traz nenhuma para xongas, bulhufas (ou bulufas, numa variante menos usada), lhufas, pitibiriba, neca, necas, neres…

Mas vamos com calma: em toda essa turma, neca pode ser um caso à parte. O Aurélio, num raro arroubo etimológico, apresenta uma tese que soa perfeitamente plausível: neca viria da palavra latina nec, uma conjunção que significa “nem”. Como o plural necas e – provavelmente – a variação neres são seus derivados, uma parte substancial desses divertidos nomes do nada pode não ser tão misteriosa, afinal.

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