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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Namorar alguém ou namorar com alguém?

“Quero saber o uso correto de ‘namorar’. Quando eu cursava o 2º grau, diziam que a expressão ‘Fulano vai namorar com sicrano’ era incorreta, porque indicava que fulano iria namorar próximo a sicrano, cada um com seu par. No caso, o uso correto não seria ‘Fulano vai namorar sicrano’? Agradeço a oportunidade.” (Eudes Júnior) A […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 10h41 - Publicado em 22 set 2011, 14h20

“Quero saber o uso correto de ‘namorar’. Quando eu cursava o 2º grau, diziam que a expressão ‘Fulano vai namorar com sicrano’ era incorreta, porque indicava que fulano iria namorar próximo a sicrano, cada um com seu par. No caso, o uso correto não seria ‘Fulano vai namorar sicrano’? Agradeço a oportunidade.” (Eudes Júnior)

A consulta de Eudes é simples, mas ilustrativa. Infelizmente, nunca estiveram em falta na galeria dos tipos humanos aqueles que gostam de dar palpite furado tanto na vida amorosa quanto na língua dos outros, e no caso do verbo namorar os dois gostos se fundem num só.

Namorar é uma palavra que deriva de enamorar (en+amor+ar) com a perda do fonema inicial, um fenômeno linguístico chamado aférese, mas isso não vem ao caso aqui. O que importa é saber que, dependendo do uso, namorar pode ser transitivo direto, transitivo indireto ou mesmo intransitivo. Direto: “Ele a namorou”. Indireto: “Ele namorou com ela”. Intransitivo: “Eles namoraram”. Pode ser até pronominal, com o sentido de “encantar-se” – “namorou-se dela” – mas este uso é pouco comum: normalmente, para dizer isso, opta-se por “enamorar-se” mesmo.

Uma grave desatualização ou apego excessivo à famigerada “norma padrão” explica o ensinamento errado que Eudes recebeu na escola e que muitos professores, infelizmente, ainda espalham por aí, inclusive transformando a questão em pegadinha nas provas. Recomenda-se cuidado com eles. O fato é que o verbo namorar surgiu no século 13 e tudo indica que só passou a ser aceito no português culto como um verbo transitivo indireto de cem anos para cá. No entanto, convém repetir o que diz o Aurélio, um dicionário que está longe de ser conhecido como avançadinho nessas questões: “O uso de namorar com esta regência [namorar com] é perfeitamente legítimo, moldado em casar com e noivar com”.

Ah, e não se trata de uma liberalidade brasileira, é bom frisar. O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa também admite a regência “namorar com”.

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